Aliança do Pacífico não representa contraponto ao Mercosul, diz presidente da Colômbia

23/05/2013 - 22h44

Leandra Felipe
Correspondente da Agência Brasil/EBC

Bogotá - De olho na ampliação do comércio com a Ásia, a Aliança do Pacífico - bloco comercial formado por Chile, Colômbia, México e Peru – tende a se firmar na América Latina como uma opção de "livre mercado" na América Latina, que não representa uma "força política" que irá se contrapor ao Mercado Comum do Sul (Mercosul). A avaliação é do presidente Colômbia, Juan Manuel Santos, que assumiu hoje (23) a presidência pro tempore do bloco.

Em conversas com jornalistas, durante a 7ª Cúpula da Aliança do Pacífico, em Cáli, Santos declarou que o grupo, criado há dois anos, não busca fazer um "contraponto" a blocos como a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), o Mercosul e a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). "A aliança é uma iniciativa de integração que não pretende competir com outros mecanismos de integração política ou econômica que existam no continente", disse Santos em entrevista à imprensa.

O presidente colombiano ressaltou que a Aliança do Pacífico pode ser complementária e que respeita os demais blocos em atividade na região. Apesar de declarar a "não concorrência", Santos aposta no sucesso do bloco. Segundo ele, a aliança tem tudo para se converter em uma liderança política e econômica na América Latina.  "Como escreveu Luís Alberto Moreno [presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento], recentemente em uma coluna, a aliança é a proposta de integração mais ambiciosa vista nas últimas décadas", defendeu.

A professora de ciências políticas Arlene Tickner, da Universidad de Los Andes, ouvida pela Agência Brasil, também acha que Aliança do Pacífico não representa um contraponto político ao Mercosul. "Os países que compõem o bloco, inclusive os que querem entrar, da América Central [Costa Rica e Panamá], estão muito mais interessados em abrir canais comerciais com a Ásia que com possíveis alianças políticas", declarou. "A aliança tem se comportado de maneira mais pragmática, direcionada a fins econômicos".

Segundo ela, uma prova de que o foco principal é reunir forças para conseguir acordos de maior amplitude com novos mercados é o fato de o comércio entre os países-membros representar somente 3% dos volumes comerciais que o bloco começa a desenvolver com outros países.

Arlene Tickner também falou que as diferenças entre o Mercosul e o novo bloco são visíveis. Segundo ela, o grupo não tem a pretensão de ser uma comunidade, como o Mercosul, e há menos entraves burocráticos para fazer parte do bloco."O lado positivo é que a aliança é ágil e flexível", destacou.

Do ponto de vista político, a professora comentou que existem muitas especulações, uma delas de que a Aliança do Pacífico tentará se fortalecer buscando mercados que hoje têm relação com o Brasil. "Mas tudo são suposições, e ainda é cedo para dizer isso. O que sabemos é que o México precisa desta aliança para se fortalecer fora de seu eixo tradicional com os Estados Unidos. O Chile e o Peru já têm bastante inserção no mercado asiático e a Colômbia precisa do bloco, pelas dificuldades que ainda enfrenta neste cenário", acrescentou.

 

Edição: Aécio Amado

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