Mercado interno é principal suporte da economia, diz presidente do Banco Central

16/05/2013 - 21h29

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O mercado interno tem sido e continuará sendo o principal suporte da atividade econômica no Brasil,  avaliou hoje (15) o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em palestra no 15º Seminário Anual de Metas para a Inflação, no Rio. Tombini disse que o consumo das famílias tem se mostrado robusto ao longo dos últimos anos e tende a se manter crescendo, apoiado pela expansão moderada do crédito, pelo aumento do emprego e da renda e pela expansão dos salários.

O presidente do BC disse que os investimentos voltaram a crescer no quarto trimestre do ano passado e essa retomada se intensifica no primeiro trimestre deste ano.  Ele indicou que  a recuperação do investimento se reflete, por exemplo, no aumento da produção e na importação de bens de capital. Os mercados financeiros internacionais registram níveis elevados de liquidez, o que facilita o acesso de empresas brasileiras à poupança externa, a custos reduzidos. “O Brasil tem se beneficiado dessas condições excepcionais, tendo sido, nos últimos anos,  um dos principais  receptores de investimento estrangeiro direto”.

Além da recuperação do investimento, Tombini disse que são criadas no país perspectivas de ampliação da taxa de investimento na economia nos próximos anos. Ele destacou o impacto positivo que o programa de concessão de serviços públicos em curso no Brasil  trará sobre os investimentos e ponderou que “tão ou mais importante” serão os  efeitos que a melhoria da logística terá sobre o ânimo do empresariado. Para o presidente, a confiança dos empresários, aliada à redução de custos e a uma logística mais eficiente se traduzirão em investimentos que “hoje são inviáveis”.

Nesse contexto, o presidente do BC acredita que a poupança externa seguirá sendo fonte importante de recursos para financiar o desenvolvimento brasileiro. “O Brasil continuará recebendo um  grande fluxo de investimentos estrangeiros. É natural que assim seja”. Segundo Tombini, o capital se desloca  para regiões que apresentam melhores perspectivas de crescimento, com taxa de retorno mais elevada. Ele advertiu, porém, que esse ciclo de investimento poderá trazer um eventual e já esperado déficit de transações correntes. “No entanto, não devemos perder de vista que os atuais níveis de liquidez e  de taxa de juros fazem parte de circunstâncias muito especiais e que tendem a desaparecer em poucos anos”.

Para Tombini, o Brasil “está e estará preparado para enfrentar eventuais ventos contrários”, pois o país tem sólidos fundamentos econômicos, incluindo um estoque de reservas internacionais de cerca de US$ 375 bilhões, um sistema financeiro bem capitalizado, com níveis altos de liquidez e provisionamento.

Em relação à oferta, a produção industrial cresceu 3,3% ao ano no primeiro trimestre deste ano  comparativamente ao último trimestre  de 2012, revelando expansão disseminada pelos vários setores que compõem a atividade industrial. A produção de automóveis, por exemplo, subiu 6,8% em abril em relação a março, enquanto no setor agrícola,  a safra de grãos estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá superar em 14% a safra do ano passado.

Tombini disse que a economia brasileira cresceu no primeiro trimestre em ritmo mais intenso do que no último trimestre de 2012. “As projeções indicam  crescimento em 2013 ao redor de 3%”. Para ele as indicações são de sustentabilidade no processo de recuperação da economia ao longo deste ano.

Edição: Fábio Massalli

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