Patriota: vitória na OMC é resultado de uma “ordem internacional em transformação”

07/05/2013 - 17h53

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A eleição do embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, de 55 anos, para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) representa que há uma “ordem internacional em transformação”, segundo o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. Para ele, significa que os países em desenvolvimento e pobres avançam nas suas conquistas. O chanceler disse hoje (7) que a vitória de Azevêdo se deve a uma campanha intensa, que mobilizou o governo, e ganhou apoio em todos os continentes.

“É um resultado muito importante que reflete uma ordem internacional em transformação, que é de países emergentes que demonstram uma liderança”, ressaltou o chanceler, lembrando que mesmo os países que votaram no mexicano Herminio Blanco, adversário de Azevêdo, aceitaram a vitória. “Mesmo aqueles que escolheram o outro candidato não se opuseram ao candidato preferido.”

O chanceler lembrou que na OMC os 159 países são classificados em três grandes grupos: países desenvolvidos (os mais ricos), em desenvolvimento (entre os quais o Brasil se inclui) e de menor desenvolvimento (os mais pobres).

Patriota acrescentou que a vitória de Azevêdo se deve à sua trajetória profissional, baseada em mais de 20 anos de negociações comerciais internacionais. “Um dos aspectos que influenciou o apoio ao embaixador Roberto de Azevêdo foi o sentimento que ele não precisava ser treinado para o cargo: estava treinando para o jogo e para chutar ao gol”, disse.

Porém, o chanceler evitou falar em números. Não oficialmente, negociadores do governo brasileiro dizem que Azevêdo teve 93 do total de 159 votos da OMC. Para Patriota, não há espaço para ressentimentos, o momento é de construção para buscar a retomada das negociações da Rodada Doha -  cujo objetivo é construir um amplo acordo de liberalização do comércio, mas sem resultados há cerca de dez anos

“Não há razão alguma para se nutrir ressentimentos”, destacou Patriota. “É com esse espírito que ele assume as novas funções, na importância de se avançar na Rodada Doha”, completou ele. “[Li no jornal] Financial Times a informação que o candidato era bom, mas o país também era bom".

Azevêdo foi eleito hoje o novo diretor da OMC. Ele assume o cargo em 31 de agosto substituindo o francês Pascal Lamy. A eleição foi disputada até o último minuto. O brasileiro contou com o apoio do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), além dos países de língua portuguesa, várias nações na América Latina, na Ásia e na África.

Desde 2008, Azevêdo é representante permanente do Brasil na OMC, está diretamente envolvido em assuntos econômicos e comerciais há mais de 20 anos. Diplomata de carreira, ele desempenhou várias funções ligadas às negociações de comércio exterior.

Edição: Carolina Pimentel

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