MP do Rio manda desarquivar inquérito sobre morte de traficante em operação aérea

06/05/2013 - 19h10

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – O procurador-geral de Justiça do estado, Marfan Vieira, determinou hoje (6) o desarquivamento do inquérito policial que apurou a morte do traficante Márcio José Sabino Pereira, conhecido como Matemático. As imagens exibidas na noite de ontem (5) pela Rede Globo, mostrando cenas da perseguição aérea ao traficante, foram decisivas para a reabertura do caso.

Marfan Vieira fez o anúncio após ter recebido em seu gabinete um DVD com as imagens, trazido pelo deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

O inquérito que investigou a morte de Matemático, ocorrida em 11 de maio de 2012, foi arquivado pelo 4º Tribunal do Júri em 5 de novembro do mesmo ano, a pedido do próprio Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ). Na ocasião, foi alegado que a prova pericial não era conclusiva quanto à procedência dos tiros: se teriam partido do helicóptero ou se o traficante teria sido morto pelos próprios comparsas.

A Polícia Civil informou que a Corregedoria Interna instaurou, há 15 dias, uma sindicância para investigar as circunstâncias da ação e apurar possíveis excessos e irregularidades. Segundo a nota, a chefe de Polícia, Martha Rocha, recomendou que a Divisão de Homicídios solicite ao MP a devolução do inquérito para prosseguir com as investigações.

A delegada considerou desproporcionais as ações dos agentes do helicóptero, que perseguiram e alvejaram o traficante. Segundo Martha Rocha, “o papel da polícia é prender, a morte é em último caso”.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sinpol), Fernando Bandeira, considerou equivocada a ação da equipe na aeronave, ressaltando que ela não estava agindo sozinha, mas cumprindo ordem superior.

“O fato ocorreu no ano passado e certamente foi de conhecimento da Secretaria [de Estado de Segurança] e da chefia da Polícia Civil, mas só agora veio à tona. Essa operação foi um exagero, mas houve uma determinação [superior] para fazê-la. Foi um ato que não é correto. Poderia ter outro caminho, outra forma, de tentar prender”, disse Bandeira.

As cenas de tiro contra Matemático foram captadas pela câmera instalada no próprio helicóptero da polícia, durante perseguição noturna sobre a favela da Coreia, na zona oeste da cidade. Durante a ação, vários prédios da comunidade foram atingidos pelas balas disparadas da aeronave. Apesar disso, não houve denúncia de feridos entre os moradores.

Edição: Davi Oliveira

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