Dilma e Cristina se reúnem e falam de comércio, investimentos, Paraguai, Venezuela e mineradora Vale

26/04/2013 - 2h06

Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC

Buenos Aires – A presidenta Dilma Rousseff e a colega argentina, Cristina Kirchner, se reuniram nessa quinta-feira (25) em Buenos Aires. Durante a reunião que durou quase oito horas, elas trataram de diversos assuntos de interesse dos dois países. A quuestão envolvendo a mineradora brasileira Vale também esteve na pauta da conversa. A empresa suspendeu o projeto Rio Colorado, de exploração de potássio na província de Mendoza, contrariando o governo local. Após o encontro, Dilma Rousseff, disse que "a Vale vai encontrar o caminho para construir um acordo com as autoridades argentinas”.

A empresa já investiu cerca de US$ 2,2 bilhões na mina, mas alega que não pode continuar arcando com os custos do projeto, que quase dobraram por causa da inflação e da depreciação do peso argentino. O Ministério do Trabalho da Argentina iniciou um processo de mediação, entre a empresa e os 11 mil trabalhadores que – pelo menos até o dia 29 de maio – não podem ser demitidos. As autoridades argentinas ameaçaram retirar a concessão da Vale, para explorar a mina.

As presidentas também falaram do novo acordo automotivo (o antigo vence em junho) e dos obstáculos às importações impostos pelo governo argentino a partir de 2012, que tiveram um impacto na balança comercial entre os dois países: no primeiro trimestre deste ano o Brasil registrou um déficit de US$ 80 milhões.

Dilma e Cristina defenderam a integração das economias brasileira e argentina como melhor forma para enfrentar a crise internacional. Mas não deram detalhes do que foi discutido sobre o assunto. As equipes técnicas dos dois países vão continuar a reunião na terça-feira (30), em Montevidéu. Em junho, os presidentes do Mercosul vão se reunir no Uruguai, mas o Paraguai continuará ausente. O país foi suspenso do Mercosul em junho passado, depois da destituição do presidente Fernando Lugo, um ano antes do final do mandato. O Brasil, a Argentina e o Uruguai questionaram o impeachment relâmpago, que Lugo chamou de “golpe parlamentar”.

Enquanto o Paraguai estava sem voz nem voto, os outros três sócios fundadores do bloco regional incluíram a Venezuela como membro pleno – uma decisão tomada à revelia do Congresso paraguaio, que vetou a entrada dos venezuelanos. Caberá ao presidente eleito, Horacio Cartes, tentar resolver o impasse quando assumir o governo, no dia 15 de agosto.

Dilma e Cristina defenderam a decisão tomada pelo Mercosul, em junho, e também a posição adotada pelos 12 membros de União de Nações Sul-Americanas (Unasul) de apoio a Nicolás Maduro, eleito presidente da Venezuela no último dia 14.

No final do encontro, Dilma manifestou a admiração pelo ator argentino Ricardo Darin, protagonista do filme O Segredo de Seus Olhos, que ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 2010.

 

Edição: Aécio Amado

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