Prefeitura de São Sebastião discorda da Petrobras sobre volume de óleo que vazou de terminal

09/04/2013 - 20h58

Bruno Bocchini
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O volume do óleo anunciado pela Petrobras Transporte (Transpetro) que vazou do Terminal Almirante Barroso (Tebar), na sexta-feira (5), e atingiu as praias de São Sebastião, no litoral paulista, foi contestado pela prefeitura. Segundo a estatal, o volume de combustível que vazou foi 3,5 metros cúbicos.

A prefeitura, no entanto, considera que 3,5 metros cúbicos não seriam suficientes para atingir vários ecossistemas costeiros e danificar embarcações e fazendas marinhas. “Colocar mais de 300 homens nas praias, utilizar duas aeronaves e vários equipamentos de limpeza mecânica são evidências de que o volume do produto vazado foi superior ao divulgado”. Além disso, o órgão ressalta que ainda há manchas de óleo em praias do município.

A Transpetro, em nota, informou que os trabalhos de contenção e remoção de resíduos da área atingida foram concluídos e desmobilizados os equipamentos de contingência na região do pier e das praias. A decisão foi adotada, segundo a empresa, em acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), “após sobrevoos que constaram que os trabalhos de limpeza foram bem-sucedidos”.

O secretário de Meio Ambiente de São Sebastião, Eduardo Hipólito do Rego, destacou que a fazenda marinha no município – com criação de mexilhões e peixes – foi completamente prejudicada pelo óleo. Ele ressaltou ainda que a poluição atingiu, além de pelo menos 11 praias da cidade, outros ecossistemas.

“Para nós o indicador do número de praias não é suficiente, porque entre as praias, tem uma grande extensão territorial que é dominada por costões rochosos, que é tão importante quanto uma praia. Além de praia, nós temos ecossistemas costeiros importantes [que foram atingidos], como é o caso do costão, das restingas, dos jundus, e dos mangues”, disse.

A prefeitura está preparando um diagnóstico que vai elencar todos os danos que o município sofreu e o prejuízo. Os pescadores vão se reunir na tarde de amanhã (10) para mensurar os impactos do vazamento e decidir o que fazer para pedir indenização pelos prejuízos.

“A pesca do camarão está proibida. Porém, as áreas onde ele está se reproduzindo são locais que foram contaminados. Como a gente vai dimensionar a futura safra do camarão, que é daqui a um ou dois meses?”, indagou o secretário.

O Ministério Público Estadual instaurou hoje um inquérito civil para apurar os danos ambientais causados pelo vazamento de óleo. O responsável pela investigação é o promotor Alexandre Petry Helena, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema).

 

Edição: Aécio Amado

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