Economistas e empresários não acompanham otimismo de Mantega em relação ao PIB

03/03/2013 - 13h40

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O desempenho da economia será melhor neste ano do que em 2012, mas o Produto Interno Bruto (PIB) “não deve crescer a uma taxa alta”, de até 4%, como prevê o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Assim entende o professor de economia da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP) Emerson Marçal, para quem o cenário do momento não permite  projetar uma evolução acima de 2,5% a 3% em 2013.

Coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da FGV-SP, Marçal diz que o baixo patamar de investimentos, de 18,1% em 2012, não estimula a retomada da economia. Para ele, se o governo quer um crescimento mais robusto, “preciso acelerar uma agenda de reformas e de ações de longo prazo” para racionalizar o sistema tributário e melhorar a infraestrutura do país, além de investir mais em capital humano e na busca de acordos comerciais.

Essas ações, na avaliação do economista Vagner Jaime Rodrigues, da Trevisan Gestão & Consultoria (TG&C) ajudarão a reduzir o custo Brasil, que reduz em torno de 34% a competitividade dos preços de produtos brasileiros lá fora, de acordo com cálculos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Também contribuirão para melhorar a baixa produtividade média da mão de obra nacional, segundo ele.

Rodrigues ressalta que o baixo crescimento de 0,9% do PIB em 2012 se contrapõe à pequena taxa de desemprego, e diz que há uma aparente incoerência nesses indicadores: “Felizmente, o país trabalha praticamente em pleno emprego, mas a baixa performance de parcela expressiva dos recursos humanos limita as possibilidades de crescimento da produção e de expansão do PIB.”

Como exemplo, ele diz que a produtividade nos serviços caiu 9% entre 1950 e 2005. Por isso, o Brasil tem mais pessoas trabalhando para produzir o mesmo volume, o que explica, em grande parte, a estagnação do PIB. O economista ressalva que, além de mitigar a produção e os resultados das empresas, a baixa produtividade eleva os custos operacionais, que são transferidos para o preço final dos produtos e serviços, com reflexos negativos na inflação e na competitividade externa.

Por essas razões, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz Coelho, enfatiza que “baixar o custo de se produzir no Brasil é imperativo, e tem que ser rápido”.

Ele elogia “algumas iniciativas importantes e corajosas” do governo, como a desoneração da folha de pagamento em quase 40 setores da atividade econômica, mais acesso ao crédito, queda dos juros, estímulos tributários em alguns segmentos do comércio e redução dos preços de energia elétrica. Coelho lembra, porém, que a efetiva implementação das medidas leva tempo. “Corremos o risco de perder o ano de 2013.”

Além da redução dos investimentos, os analistas veem com preocupação adicional a desaceleração das atividades da construção civil. Números do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostram que, depois do crescimento de 11,6% em 2010, o desempenho do setor caiu para 3,6% em 2011 e encerrou 2012 com aumento de apenas 1,4%. Como se isso não bastasse, o valor adicionado da construção registrou retração de 0,5% no último trimestre do ano passado, comparado ao trimestre anterior.

Edição: Juliana Andrade

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