Brasil está na rota do tráfico de drogas envolvendo a África Ocidental, diz ONU

26/02/2013 - 9h22

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Brasil está na rota principal do tráfico de drogas para os países da África Ocidental, por intermédio, principalmente, da ação de grupos organizados liderados por africanos. A conclusão está no relatório Crime Organizado Transnacional na África Ocidental, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (Unodc) – vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU). Pelo documento, o tráfico de cocaína é a atividade mais lucrativa.

O relatório informa, porém, que houve uma queda no tráfico de cocaína, se comparado o período de 2010  a 2007. Uma das hipóteses é que o tráfico de drogas tenha sido afetado pelos impactos da crise econômica internacional. Mas a cocaína não é a droga ilegal traficada na região, há também a produção e o tráfico de metanfetamina e de medicamentos falsificados.

“Grande parte da cocaína destinada à África Ocidental hoje vem do Brasil, onde os grupos criminosos [liderados por] nigerianos exportam a droga”, diz o relatório, informando que as mudanças de rota são constantes e que atualmente é comum o uso da navegação marítima, além dos aviões e correios.

Na África Ocidental, houve registro de aumento do tráfico no Benin, principalmente por avião. Segundo o documento, a produção de metanfetaminas na Nigéria, por exemplo, é “uma preocupação crescente”.

Para os especialistas do Unodc, a crise econômica internacional reduziu o fluxo de contrabando envolvendo cidadãos da África Ocidental em direção à Europa. Até então, era crescente o movimento migratório decorrente do tráfico de drogas da África para o Leste da Europa. O relatório indica ainda a permanente conexão entre drogas e armas.
 
No documento, a Líbia, que ainda vive sob clima de instabilidade política, é um dos principais focos de distribuição de armas na região, inclusive para o Mali – que enfrenta um momento de confronto armado entre integrantes do governo e de grupos islâmicos extremistas.

O relatório alerta sobre o aumento dos remédios falsificados. Pelo menos 10% dos medicamentos importados na África Ocidental são de origem duvidosa. Para os especialistas, a “pirataria marítima” deve ser foco de atenção nas regiões da Somália, Guiné,do Benin e Togo. O documento completo, elaborado pela Unodc, pode ser obtido na página da agência.

Edição: Graça Adjuto