Internação involuntária de usuários de crack no Rio é exceção, diz secretário

19/02/2013 - 18h50

Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A internação involuntária de dependentes de crack faz parte da política de enfrentamento a droga no município do Rio, mas como exceção, disse hoje (19) o secretário de Assistência Social e vice-prefeito do Rio, Adilson Pires, que coordenou nesta terça-feira o acolhimento de 99 dependentes químicos, dos quais 29 foram internados contra a vontade, entre eles, duas grávidas. Todos estavam em um ponto às margens da Avenida Brasil, em Bonsucesso.

“Não temos a proposta de fazer o que foi feito hoje na cidade inteira. O caso da Avenida Brasil é um caso específico, não podíamos ficar sem tomar essa atitude, drástica”, disse. “A linha da política da prefeitura não é a internação involuntária, mas sim o tratamento e acompanhamento para esse dependente da droga”. Reforçou que esta é uma medida de exceção, no âmbito da política de enfrentamento às drogas no Rio. Segundo ele, os dependentes químicos que faziam ponto na Avenida Brasil colocavam em risco a vida deles e dos motoristas, pois a todo instante atravessavam a via sem qualquer orientação.

De acordo com o secretário, todos que foram acolhidos passaram por uma triagem em um abrigo no bairro de Paciência, na zona oeste. Uma equipe médica constatou a necessidade de alguns serem internados involuntariamente em quatro hospitais do município. O estado de saúde de um deles era tão grave que teve que receber um atendimento de emergência, pois chegou a apresentar uma parada respiratória, revelou.

Além dos hospitais do município, oito foram encaminhados para uma clínica conveniada com a prefeitura e 30 manifestaram o desejo de receber tratamento espontaneamente. Eles não apresentavam necessidade de internação urgente e serão encaminhados para unidades como os centros de Atenção Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas. Os que foram liberados receberão um acompanhamento de uma equipe de assistentes sociais.

Durante o balanço da operação, Adilson Pires explicou que a situação na Avenida Brasil, onde os usuários, desorientados, atravessavam as pistas da via, era insustentável. Ele ainda esclareceu que a internação compulsória, ocorre por determinação do juiz, em um processo judicial, o que não foi necessário na operação desta madrugada.

Para tratar dos usuários de crack, segundo ele, o objetivo da prefeitura é ampliar a rede para o tratamento, investindo não apenas em leitos hospitalares como em vagas em Caps, além de consultórios de rua e unidade terapêuticas, conforme sugere o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj). “Todas as pessoas que foram internadas, abordadas e acolhidas hoje e, provavelmente 100% delas têm um problema social gravíssimo, serão acompanhadas individualmente pela nossa equipe de assistentes, que vai às casas, atrás de qualquer nexo para dar esperança a elas”, disse o secretário.

Na operação, também foram recolhidas oito crianças e adolescentes. Eles foram encaminhados para um abrigo da prefeitura no centro da cidade, onde também passaram por uma triagem médica e de assistência social, que deverá tentar reaproximá-los de suas famílias.

A prefeitura pretende melhorar a iluminação pública na região da Avenida Brasil onde os dependentes químicos se concentravam e manter equipes da Polícia Militar na área para evitar que eles voltem para o local. Um plano estruturado, pactuado com organizações de direitos humanos, o Ministério Público e o Ministério da Saúde, organizando a política da secretaria também deve ser lançado.

 

Edição: Aécio Amado

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