Biblioteca Nacional assina contrato com FGV para tentar solucionar problemas estruturais

30/01/2013 - 20h22

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília – Em meio a problemas de infraestrutura que ameaçam a preservação de um importante patrimônio histórico e cultural brasileiro, a Fundação Biblioteca Nacional (FBN) assinou um contrato de R$ 6,87 milhões com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Por esse valor, especialistas da FGV deverão avaliar a situação do prédio da Biblioteca Nacional, localizado no Rio de Janeiro, e apresentar, em seis meses, um programa de modernização institucional, organizacional e da infraestrutura do edifício histórico, onde estão armazenados cerca de 9 milhões de livros, gravuras, cartazes, jornais, mapas, manuscritos e moedas.

Entre as preciosidades da entidade, vinculada ao Ministério da Cultura, estão todo o acervo trazido ao Brasil pela Família Real em 1808; os 48 mil volumes encadernados e inúmeras brochuras pertencentes à imperatriz Thereza Christina Maria e doados pelo ex-imperador D. Pedro II e a chamada Bíblia de Mogúncia (ou Bíblia Latina), pergaminho publicado em 1462.

Assinado no último dia 16, o extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial da União de hoje (30). Em nota, a FGV explicou que vai ajudar a Biblioteca Nacional a implantar melhores práticas de gestão, ferramentas de planejamento e formas de garantir a maior eficiência dos contratos da entidade vinculada ao Ministério da Cultura.

Segundo a Agência Brasil apurou, entre os projetos a serem monitorados pela FGV, estão os que tratam da reformulação dos sistemas de refrigeração, principal problema enfrentado hoje para preservação do acervo da Biblioteca Nacional. 

Desde 2009, os servidores vêm denunciando as condições precárias das instalações da entidade, agravadas pelo fato de os aparelhos de ar condicionado não estarem funcionando desde maio do ano passado, quando houve um vazamento de água na tubulação da instituição.

Segundo os servidores, problemas com o ar-condicionado, na parte elétrica e na fachada do prédio, não só comprometem a qualidade dos serviços oferecidos à população, como prejudicam a saúde de quem trabalha no histórico Palácio Gustavo Capanema.

De acordo com a Associação dos Servidores da Biblioteca Nacional (ASBN), em dezembro passado houve dias em que a temperatura em alguns setores do prédio ultrapassaram os 44 graus Celsius.

Em ofício encaminhado à ministra da Cultura, Marta Suplicy, em dezembro de 2012, representantes de cinco entidades de classe que integram o Fórum das Associações de Servidores da Cultura, entre eles a presidenta da ASBN, Lia Jordão, alertaram que são frequentes os casos de mal-estar devido ao calor e cobraram medidas urgentes capazes de resolver o problema rapidamente.

“Trata-se da necessidade urgente de garantir a salubridade de centenas de funcionários e usuários do Ministério da Cultura e instituições vinculadas que ocupam o Palácio Gustavo Capanema”, apontam as entidades no ofício.

O Ministério da Cultura informou que a Biblioteca Nacional passará por reformas estruturas com investimentos de R$ 70 milhões. Desse total, R$ 26 milhões são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras no prédio-sede e reforma de um prédio na zona portuária que vai receber parte do acervo. A primeira parcela, de R$ 11 milhões, já foi liberada.

Uma segunda etapa de obras vai consumir R$ 30 milhões do PAC das Cidades Históricas nas reformas do prédio-sede e do ar-condicionado. Mais R$ 14 milhões do orçamento do Ministério da Cultura serão gastos em complemento de reforma dos dois prédios, projetos e estudos técnicos para as intervenções. Os recursos haviam sido anunciados pela ministra Marta Suplicy em setembro passado.

A Agência Brasil também procurou a Fundação Biblioteca Nacional para obter mais detalhes sobre o contrato e possíveis investimentos em infraestrutura, mas ainda não obteve resposta até a publicação da matéria.

Edição: Davi Oliveira

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