Economista considera que 2012 foi ano negativo para o setor industrial

30/12/2012 - 12h32

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O ano de 2012 foi "bastante negativo" para a indústria nacional e para a fluminense, disse à Agência Brasil o gerente de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Guilherme Mercês. Até outubro, a produção industrial geral fluminense mostra queda de 6,2%. Na indústria de transformação, o acumulado está negativo em 7,5%.

Vários fatores vêm impulsionando a queda. Um dos setores mais fortes no estado, que é a indústria automotiva, localizada no centro-sul fluminense, sofreu os efeitos da crise externa, disse o economista. “A queda de produção automotiva, em relação a 2011, está em 35% no acumulado do ano. Isso tem grande responsabilidade pelo recuo da produção industrial geral, de 6,2%”.

Os resultados negativos são generalizados pelos diversos setores industriais do Rio de Janeiro. “Certamente, este é um ano perdido para a indústria do Rio e do Brasil”. Para 2013, ele disse que os dados recentes mostram sinais de recuperação não muito consistentes. “A gente espera, sim, uma recuperação para 2013, mas não muito robusta”.

O economista acredita que dois fatos vão ajudar a indústria no próximo ano. O primeiro deles é a base de comparação, que vai ser melhor em relação a 2012. O segundo é que se esperam para os próximos meses os reflexos positivos dos diversos estímulos dados pelo governo federal à economia, entre os quais a redução da taxa de juros e os incentivos tributários. “Então, a economia está demorando a reagir, mas esses estímulos devem, sim, fazer efeito no ano que vem”. Ele espera que com isso a indústria mostre resultados melhores do que os deste ano.

Em função dos incentivos do governo, Guilherme Mercês avaliou que alguns setores, como o automotivo, começam a mostrar reação, embora os sinais sejam ainda muito pontuais. “É importante que essa recuperação seja mais disseminada para o próximo ano”. Referiu-se, em especial, à indústria em geral, onde predominam os resultados negativos. Apenas quatro segmentos – produtos químicos excluído refino, perfumaria, higiene e farmacêutico – têm se sustentado de forma positiva no estado.

Mercês destacou também o desempenho da indústria da construção civil, que tem apresentado resultados bons no Rio de Janeiro em 2012, “mesmo nesse cenário negativo”. Ele revelou que a construção civil foi o único setor que contratou mais trabalhadores que no ano passado, somando 34.488 funcionários. Esse foi um dos melhores resultados dos últimos dez anos no estado. “Isso está atrelado às grandes obras de infraestrutura que a gente está vendo no estado e, também, à chegada de muitas empresas e de investimentos”. A tendência deve ter continuidade no próximo ano.

O economista lembrou que o mapeamento de investimentos para o Rio de Janeiro, nos próximos anos, é volumoso. No triênio 2012/2014, os investimentos previstos atingem R$ 211 bilhões. No levantamento anterior, relativo ao período 2010/2012, os investimentos totalizavam R$ 180 bilhões. “Teve um novo acréscimo dessa perspectiva de investimento refletindo, inclusive, a busca dos investidores internacionais por diversificação dos investimentos, uma vez que os países desenvolvidos estão apresentando taxas muito baixas de crescimento”.

A indústria extrativa mineral, um dos carros-chefes da indústria geral fluminense, apresentou resultados “tímidos” até a metade deste ano, iniciando um processo de recuperação a partir do segundo semestre, disse Mercês. “E agora, já começa a mostrar alguns sinais positivos”. A indústria extrativa fluminense está relacionada ao desempenho das atividades de exploração e refino de petróleo, cuja produção está concentrada mais de 80% no Rio de Janeiro. Segundo Mercês, no próximo ano, com a economia e a demanda se recuperando, a indústria extrativa e de refino também deve acompanhar esse movimento. “Por enquanto, está no zero. Não está crescendo, nem caindo”.

Seguindo a retração da produção industrial, as contratações de pessoal efetuadas pela indústria fluminense também mostraram recuo na maioria dos setores. Na indústria da transformação, o saldo é inferior ao do ano passado. Em 2012, a indústria de transformação gerou 13.187 empregos. Em 2011, foram quase 16 mil vagas. O economista sublinhou que também o setor de serviços, que é o principal contratante no estado, gerou um total de 58 mil empregos até agora, contra mais de 85 mil em 2011. “O mercado de trabalho também reflete essa desaceleração da economia como um todo”.

O gerente da Firjan estima que o emprego não deverá apresentar recuperação em 2013, na mesma intensidade que a produção industrial, porque o Brasil e a maioria dos estados já estão com uma taxa de desemprego muito baixa. “Acredito que a recuperação, nos próximos meses, será mais apoiada em capital. Esse é o grande desafio: aumentar os investimentos”. No Rio de Janeiro, a taxa de desemprego é 4,6%. O dado se refere a outubro passado, informou o economista.

Edição: Tereza Barbosa