Cai número de mortes de motociclistas em acidentes de trânsito em São Paulo

17/12/2012 - 17h38

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O número de mortes de motociclistas em acidentes de trânsito caiu 16,2% na capital paulista, nos nove primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), da prefeitura de São Paulo. De acordo com o levantamento, foram registradas 331 mortes entre janeiro e setembro de 2012, ante 395 nos mesmos meses de 2011.

Durante todo o ano de 2011, foram 512 mortos. Segundo os dados, de 2005 a 2012, a frota de motocicletas aumentou 48,28%, passando de 494.928 unidades para 957.034 até setembro de 2012.

De acordo com a CET, entre as razões para a queda no número de mortes de motociclistas estão a redução da velocidade máxima permitida dos veículos para 60 quilômetros por hora (km/h) e a adoção de medidas educativas, de engenharia e de fiscalização específicas para motos. Uma das medidas foi o início da fiscalização de motocicletas feita com seis radares portáteis com dispositivos registradores de imagem. Segundo a CET, entre 26 de março e 30 de novembro, foram registradas 56.163 imagens pelos seis radares, conhecidos como pistola.

A CET explicou que a fiscalização é feita em 65 pontos com maior incidência de acidentes envolvendo motocicletas. Os equipamentos são operados por 150 agentes de trânsito, divididos em até quatro turnos. Além disso, desde agosto de 2010, os motociclistas estão proibidos de circular na pista expressa da Marginal Tietê.
 
O levantamento mostra que, em 2011, foram apreendidas 34.513 motos em blitze feitas em parceria com a Polícia Militar. Em 2010, o número de apreensões de motocicletas foi de 6.468.

Em entrevista à Agência Brasil, o especialista Mauro Augusto Ribeiro, da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), declarou que medidas como as que foram adotadas pela CET são de fato as responsáveis pela diminuição dos acidentes, mas é preciso continuar com esse processo de controle da situação.

“Essas medidas eram extremamente necessárias, funcionam, mas precisam de uma calibragem para sustentar essa tendência. Não adianta intervenção esporádica ou temporária, mas tem que ser algo consistente e articulado, que vá ganhando amplitude. A instituição que vai fiscalizar tem que estar dimensionada para cumprir o papel e ser dotada de recursos humanos e meios para executar”, disse.

Entre outras medidas que precisam ser tomadas, na avaliação do especialista, está a fiscalização da circulação de motocicletas nos corredores entre os carros. A circulação nesse local é permitida caso o trânsito esteja parado, mas em movimento é proibido, porque é determinado que as motos cumpram uma distância mínima lateral. “Da mesma forma que tem um radar que capta a faixa em que a moto está, tem que começar a fiscalizar a circulação entre os veículos”.

Ribeiro lembrou ainda que há diversas determinações que não são respeitadas pelos motociclistas, como semáforos, faixas de pedestres, entre outras. Por isso, defende não só a fiscalização como a punição por meio de multas. “É evidente que a educação e campanhas são importantes, mas esse tipo de medida sem fiscalização não adianta. Há um fator que se chama percepção de risco. Quando ela está isolada, não é suficiente para mudar um comportamento, é preciso arranjar artifícios para que haja essa mudança, como a multa”.

Ele disse discordar que a multa faça parte de uma indústria que vise a arrecadar indiscriminadamente e enfatizou que esse é um artifício para estimular a percepção de risco de acidentes por meio da garantia de que, cometida a infração, o motorista será multado. “A punição tem um fim educativo, para reforçar todo os recursos que se utilizam nas campanhas e na educação”.

Edição: Davi Oliveira