Polícia catarinense investiga origem de ataques violentos no estado

14/11/2012 - 16h46

Thais Leitão
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A Polícia Civil de Santa Catarina investiga se a onda de ataques no estado tem ligação com facções criminosas com integrantes que estão dentro e fora dos presídios catarinenses. Segundo a assessoria de imprensa da corporação, esta é uma das principais hipóteses em apuração. As autoridades acreditam ainda que parte das ações tenha sido praticada por criminosos oportunistas, sem ligação com qualquer organização, que aproveitaram o clima de insegurança dos últimos dias para atacar prédios públicos e ônibus.

Desde a noite de ontem (13), 27 pessoas, sendo 12 adolescentes, foram detidas por suspeita de envolvimento nos ataques que começaram na noite de segunda-feira (12). Alguns dos presos estavam com material capaz de provocar incêndios, como estopa e galões de gasolina, além de drogas. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública , foram registradas 22 ações criminosas, incluindo incêndios em ônibus, ataques contra agentes públicos, prédios da polícia e de particulares em Florianópolis, Criciúma, Itajaí, Palhoça, Blumenau, Camboriú e Navegantes.

A chefe do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar (PM) de Santa Catarina, coronel Claudete Lehnkuhl, ressaltou que as autoridades não descartam nenhuma linha de investigação. Embora tenha evitado comentar se os ataques são uma represália de integrantes de organizações criminosas a supostos maus-tratos praticados por agentes policiais no interior dos presídios, ela lembrou que no fim do mês passado a esposa do diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, em Florianópolis, Carlos Antônio Alves, foi assassinada, o que também poderia ser um ato de retaliação dos criminosos.

“Eu prefiro não comentar este assunto, porque as investigações da Polícia Civil ainda estão em curso. Mas é verdade que desde que começou [a onda de violência] em Santa Catarina, houve manifestações tanto de presos, como nas portas das penitenciárias por parte de parentes dos detentos e em outros locais sobre um suposto excesso de violência contra eles. Não vamos descartar nenhuma hipótese que chegue até nós”, disse.

A coronel Claudete Lehnkuhl também ressaltou que, para coibir novos ataques, o policiamento foi reforçado no estado. Ela admitiu que a situação surpreendeu as autoridades por se tratar de uma região sem tradição de quebra da ordem pública.

“A corporação está toda em prontidão, as escalas de folga foram reduzidas, intensificamos o patrulhamento em pontos mais sensíveis e destacamos guarnições para acompanhar ônibus em locais considerados de maior risco”, explicou, lamentando os danos patrimoniais causados pela ação dos criminosos, mas destacando o fato de não terem sido registradas mortes.

A chefe do Centro de Comunicação Social da PM catarinense não acredita que as ocorrências tenham relação direta com os ataques registrados em São Paulo nas últimas semanas, quando ônibus também foram incendiados.

“É muito mais possível que o tipo de ataque praticado em São Paulo tenha apenas sido copiado por criminosos [no estado], mas não quer dizer necessariamente que criminosos de lá estejam mandando nos daqui”, disse.

Edição: Carolina Pimentel