Analistas estão divididos quanto à manutenção da taxa básica de juros

09/10/2012 - 12h19

Kelly Oliveira*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – As expectativas sobre a definição da taxa básica de juros, a Selic, dividem analistas. Parte espera manutenção da taxa no atual patamar (7,5% ao ano) e há aqueles que projetam corte de 0,25 ponto percentual.

A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por definir a Selic, começa hoje (9) à tarde. Mas a decisão só será anunciada amanhã (10), na segunda parte da reunião, após o fechamento do mercado financeiro.

De acordo com o Informativo Semanal de Economia Bancária, elaborado por economistas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), apesar de os mercados futuros apontarem “visão predominante” de corte de 0,25 ponto percentual, a expectativa de analistas do mercado financeiro consultados pelo BC continua sendo a manutenção do atual patamar.

A esta altura, parece mesmo complicado antecipar a decisão do BC, já que as duas alternativas são possíveis, dependendo da ênfase da análise”, dizem os economistas da Febraban. De acordo com a instituição, se for considerado o cenário externo, “a fraqueza da economia mundial além do esperado poderia recomendar um novo relaxamento da política monetária [redução da Selic]”. “Por outro lado, se o foco for o mercado doméstico, a expectativa de recuperação da economia neste final de ano e a persistência das expectativas de inflação acima da meta, quem sabe recomendassem a manutenção da Selic em 7,5% ao ano”, acrescentam.

Cabe ao BC perseguir a meta de inflação, que tem como centro 4,5% e margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A expectativa é que a inflação fique acima do centro da meta, mas abaixo do limite superior (6,5%). A estimativa do mercado financeiro para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), este ano, é 5,42%. Para 2013, é 5,44%.

O Copom reduz a Selic para estimular a atividade econômica. No sentido oposto, a taxa é elevada quando a autoridade monetária avalia que a economia está muito aquecida, com alta dos preços. Então, o Copom sobe a taxa para incentivar a poupança, desestimular o consumo e segurar a inflação.

Para o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), economista Miguel Oliveira, o que mais preocupa atualmente é o crescimento econômico. “Há uma melhoria na economia, mas muito lenta. E não estou vendo descontrole da inflação”, destaca. A previsão dele é que seja feito um corte de 0,25 ponto percentual. Segundo Oliveira, essa expectativa é baseada nos comunicados do BC que informaram que qualquer alteração na Selic deve ser feita com “máxima parcimônia”.

Já para o economista Samy Dana, da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), a redução da Selic chegou ao limite e deve permanecer por algum tempo no patamar de 7,5% ao ano, com possibilidade de ligeiro aumento em 2013. O processo de corte na taxa Selic começou em agosto do ano passado.

Caso o Copom tome a decisão de reduzir a Selic em 0,25, além de ser uma medida de estímulo à economia, haverá efeito também nos rendimentos da poupança.

Segundo Oliveira, as aplicações em poupança – de acordo com as novas regras de remuneração, 70% da Selic mais taxa referencial (TR),– terão redução em sua rentabilidade se comparadas aos investimentos nas contas antigas (0,5% ao mês mais TR). “Mesmo assim, vão continuar se destacando na comparação com os fundos de renda fixa pelo fato de que não pagam Imposto de Renda nem taxas de administração. Esse fato deverá provocar reduções nos custos das taxas de administração dos bancos para não perderem clientes”, diz Oliveira.

Em maio deste ano, o governo definiu que, sempre que a taxa Selic for igual ou inferior a 8,5% ao ano, os novos depósitos renderão a TR mais 70% da Selic. Os depósitos anteriores a 3 de maio continuam a ser remunerados pela regra antiga.

*Colaborou Stênio Ribeiro

Edição: Juliana Andrade