Brasil reage às críticas dos Estados Unidos sobre protecionismo e sinaliza que vai recorrer à OMC

21/09/2012 - 12h47

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O governo do Brasil reagiu às críticas dos Estados Unidos que condenaram o que julgam ser o protecionismo brasileiro. Em protesto à afirmação, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, enviou ontem (20) carta ao embaixador Ron Kirk, representante para o Comércio dos Estados Unidos. No texto, o chanceler diz que os norte-americanos são os principais responsáveis pelas barreiras impostas, por exemplo, aos produtos agrícolas brasileiros.

“O Brasil tem sido obrigado a enfrentar a valorização artificial de sua moeda e uma enxurrada de mercadorias importadas a preços baixos. Os Estados Unidos têm sido um dos principais beneficiários desta situação”, reage o chanceler. “Preocupa-nos a perspectiva de continuação de subsídios ilegais concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos.”

O ministro destacou que esses benefícios concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos causam impactos negativos nas economias dos países em desenvolvimento. “[Eles] impactam o Brasil e outros países em desenvolvimento, inclusive alguns dos mais pobres da África”, diz o texto.

Patriota diz ainda, na carta, que todos os mecanismos adotados pelo Brasil têm o respaldo da Organização Mundial do Comércio (OMC) e que o governo não abrirá mão dos instrumentos que julga legítimos. “O governo brasileiro não abdicará de seu direito de fazer uso de todos os instrumentos legítimos permitidos pela OMC”, informa o texto.

Em relação a eventuais efeitos negativos nas negociações na chamada Rodada Doha, como insinuaram as autoridades norte-americanas, Patriota negou impactos. “Discordo totalmente de Vossa Excelência quanto aos efeitos que as medidas adotadas pelo Brasil poderiam ter sobre o resultado da Rodada Doha”, disse.

De 2007 a 2011, a venda de produtos norte-americanos para o Brasil dobrou, segundo dados oficiais. Em quatro anos, as exportações saltaram de US$ 18,7 bilhões para US$ 34 bilhões. O Brasil passou de 16º para 8º maior mercado de produtos norte-americanos.

Edição: Carolina Pimentel