Manifestações populares marcam Sete de Setembro em São Paulo

07/09/2012 - 15h11

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil


São Paulo – Duas caminhadas fizeram parte das atividades do Grito dos Excluídos hoje (7) na capital paulista. Um dos grupos, encabeçado pelas Pastorais Sociais, iniciou a programação com uma celebração na Catedral da Sé, no centro da cidade, por volta das 8h da manhã. O grupo coordenado pela Central de Movimentos Populares (CMP), por sua vez, concentrou-se na Praça Oswaldo Cruz, na região da Avenida Paulista, às 9h.

As atividades, que ocorrem há 18 anos sempre no Sete de Setembro em contraponto às comemorações oficiais, têm como objetivo reunir movimentos sociais e organizações populares para “denunciar à sociedade que ainda não somos independentes como deveríamos”, explica Paulo César Pedrini, coordenador da Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo. Este ano, o Grito dos Excluídos tem como tema “Queremos um Estado a serviço da nação que garanta direitos a toda população!”.

Pedrini participou do evento que seguiu da Catedral da Sé para o Parque da Independência, no bairro Ipiranga. Após a caminhada, de aproximadamente cinco quilômetros, o grupo chegou por volta das 13h ao parque, onde a atividade foi encerrada com uma apresentação teatral sobre a independência brasileira.

“Escolhemos esse roteiro por ser uma questão simbólica. No mesmo local em que foi dado o grito da independência, vamos levantar novamente nossas vozes e exigir condições de vida digna”, declarou. Ele destacou que, em 2012, o Grito dos Excluídos está trazendo como um dos principais temas os impactos sociais provocados por grandes eventos. “As remoções de comunidades já estão ocorrendo nas cidades-sede da Copa do Mundo”, criticou o coordenador.

A sindicalista Nádia Gebara, da Ação e Organização Intersindical, acredita que o evento dá unidade às lutas sociais. “É um momento para agregar todas as reivindicações. Unimos todas as dimensões da luta pela vida: terra, educação, saúde, trabalho”, defendeu. A doméstica Maria Oliveira Cerqueira, 61 anos, participou pela primeira vez do Grito dos Excluídos para reivindicar, principalmente, moradia digna. “Moro em casa alugada. Meu sonho é que todo mundo já nascesse com o direito a ter uma casa garantido”.

Motivada por conquistas em relação à habitação, a babá Sedileibe Penteado, 49 anos, também resolveu participar do Grito dos Excluídos este ano. Ela acompanhou o grupo que partiu da Avenida Paulista em uma caminhada que durou aproximadamente uma hora em direção ao Momento às Bandeiras, próximo ao Parque Ibirapuera. “No Dia da Independência, lutamos para sermos independentes de fato. Ter nossa casinha, ter dignidade”, declarou.

Para Luiz Gonzaga da Silva, vice-coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), a atividade dá visibilidade às recentes conquistas sociais dos brasileiros, mas aponta que ainda há muito a avançar. “Por exemplo, em relação ao salário mínimo, que ainda não corresponde às necessidades básicas dos trabalhadores”, defende.

 

Edição: Lílian Beraldo