Mensalão é tese de defesa elaborada por Roberto Jefferson, diz advogado de Zilmar Fernandes

15/08/2012 - 19h00

Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O mensalão não existiu, afirmou hoje (15) o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, defensor de Zilmar Fernandes, sócia de Duda Mendonça. Ao fazer a sustentação oral em defesa de sua cliente, no julgamento da Ação Penal 470, o defensor disse ainda que o mensalão é uma tese de defesa que o ex-deputado federal Roberto Jefferson elaborou quando o seu partido, o PTB, foi flagrado em um esquema de corrupção nos Correios.

“É uma tese de defesa de um delator [Roberto Jefferson], um homem sem credibilidade, que atacava um ex-ministro e defendia o presidente Lula. Hoje, ataca o presidente [Lula]. [...] Ele não pode se defender, então, ele atacou”, disse Kakay.

O advogado argumentou que nem Duda Mendonça nem Zilmar Fernades têm relação com o mensalão. Ele acredita que os sócios não estão inseridos "em nenhuma das circunstâncias" do processo. “Eles não deveriam estar neste processo, tinham um contrato com o PT, efetuaram o trabalho, passaram a ter direito a um crédito lícito. Não eram agentes públicos, não tinham nenhuma relação com votações, com o Congresso”.

Zilmar é acusada de articular pessoalmente o recebimento da dívida de campanha das eleições de 2002 por meio do esquema criminoso montado pelo publicitário mineiro Marcos Valério, com saques em espécie no Brasil e movimentação no exterior para receber a outra parte da dívida. Ela responde pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Kakay admitiu que Zilmar sacou R$300 mil pessoalmente em uma agência do Banco Rural. O advogado disse ainda que sua cliente esperava receber um cheque administrativo, mas recebeu dinheiro em espécie.

Em sua sustentação oral, Kakay criticou o Ministério Público Federal (MPF) e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Segundo o advogado, as mudanças das indicações de crimes antecedentes para lavagem de dinheiro desde a acusação até a apresentação das alegações finais mostram “uma vontade de acusar desesperada”.

Ele encerrou sua fala citando o trecho de uma poesia de Álvaro de Campos, heterônimo do poeta português Fernando Pessoa. "Há sem dúvida quem ame o infinito/ Há sem dúvida quem deseje o impossível/ Há sem dúvida quem não queira nada/ Três tipos de idealistas, e eu, nenhum deles/ Porque eu amo infinitamente o finito/ Porque eu desejo impossivelmente o possível.”

Edição: Lana Cristina