Atualizada - Defesa do ex-deputado Bispo Rodrigues diz que dinheiro era para pagamento de dívida de campanha

13/08/2012 - 16h40

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O advogado Bruno Braga, que defende o ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ) no julgamento do mensalão, disse hoje (13) que os R$ 150 mil entregues ao parlamentar em 2003 se destinavam à quitação de dívidas de campanha do PT. Braga foi o primeiro advogado a ocupar a tribuna na retomada do julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira.

Segundo Braga, a dívida petista surgiu no segundo turno da campanha presidencial de 2002, quando o PL-RJ (hoje PR) decidiu apoiar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira opção da legenda, Anthony Garotinho, não passou do primeiro turno.

“Mesmo após o compromisso de ajudar o PT, o presidente do PT no Rio de Janeiro não deu qualquer ajuda financeira ou material de campanha”, explicou Braga. Procurado, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, disse para a campanha continuar porque os acertos viriam depois, segundo narrou o advogado.

Braga disse que a dívida só foi quitada pelo PT no final de 2003, e que o valor é justamente o que o Ministério Público Federal (MPF) considera, de acordo com o que consta da denúncia, como pagamento do mensalão. Para o advogado, a interpretação é errônea.

O ex-deputado Bispo Rodrigues responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), além de receber mesada do PT para votar a favor do governo, o então parlamentar também tentou ocultar a transação, mandando o motorista do deputado Wanderval Lima dos Santos (PL-SP) sacar R$ 150 mil em uma agência do Banco Rural.

O advogado de Rodrigues confirma a participação do motorista na transação, mas classificou como “imprestável” a acusação de lavagem de dinheiro porque a operação era legal. Ele explicou que a verba foi retirada em espécie porque muitas pessoas que trabalharam na campanha eram humildes e só recebiam em dinheiro vivo.

Quanto ao crime de corrupção, o defensor disse que é “inverossímil e ilógico” pensar que o PL precisaria de propina para votar com o governo, uma vez que o partido já integrava a base aliada e era a legenda do então vice-presidente José Alencar.

Braga destacou que, há sete anos, seu cliente “vem sofrendo todos os dissabores” de ser réu no mensalão e que, hoje, atende apenas pelo nome de batismo Carlos Alberto Rodrigues. Segundo o defensor, o ex-bispo já não ocupa função de destaque na Igreja Universal do Reino de Deus e não exerce cargo político. Rodrigues renunciou ao mandato parlamentar em 2005, em meio às denúncias do mensalão, para evitar processo de cassação.

“A imprensa anseia a condenação, mesmo sem qualquer cometimento de crimes, mas ele tem certeza de sua inocência, de que a acusação é injusta e descabida. Apesar de não poder reparar tudo o que foi perdido nesses sete anos, o STF pode amenizar o sofrimento”, disse Braga, reforçando o pedido de absolvição para Rodrigues.

 

Edição: Lana Cristina//A matéria foi ampliada às 16h14