Brasil busca estratégias para atravessar a crise externa sem retrocesso, avalia o presidente do BNDES

23/07/2012 - 19h50

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A crise profunda na região do euro, com acúmulo de dívidas públicas e das famílias em países desenvolvidos, além da possibilidade de diminuição do ritmo de crescimento econômico da China, formam um quadro que inspira uma reflexão a respeito do desenvolvimento brasileiro. A avaliação foi feita hoje (23) pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, ao abrir o seminário O Brasil e o Mundo em 2022. O evento reúne até amanhã (24) especialistas e economistas do mundo inteiro.

Segundo Coutinho, o Brasil tem muitas capacidades que podem ser aproveitadas. Entre elas, citou a indústria do petróleo e gás, com o pré-sal, o agronegócio, as commodities minerais. O presidente do BNDES alertou, porém, que isso não é suficiente. “O Brasil precisa ter uma indústria robusta, dinâmica. Precisa reinventar a sua estrutura de indústria e de serviços. Esse é um grande desafio”.

Ele indicou que os contornos da economia mundial, da concorrência internacional e da dimensão política que a atual crise externa traz podem servir de referência para a reflexão a respeito do Brasil. E que o país tem feito investimentos fortes em infraestrutura, em energia e logística, importantes para melhorar a competitividade da economia brasileira. “Essa fronteira rentável de investimentos pode ser induzida pelo governo para subir a taxa de investimento e poupança do Brasil. Para nós crescermos, vamos depender mais das nossas próprias energias, de nossa própria poupança, do nosso esforço”, disse.

Coutinho advertiu que o Brasil precisa ter humildade diante da gravidade da atual crise econômica, para não cair em “simplismos”. Assegurou que o país pode escapar dessa situação difícil, de forma construtiva e criativa. Ele indicou que o BNDES continuará exercendo o seu papel de financiador de longo prazo, “um fomentador de desenvolvimento em áreas remotas, menos desenvolvidas. E precisará ser, no futuro, um banco fortemente comprometido com a sustentação ambiental e o desenvolvimento tecnológico”.

 

Edição: Aécio Amado