Bolívia diz que sofre pressão do Brasil para liberar salvo-conduto a senador abrigado em embaixada brasileira

19/07/2012 - 9h59

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As autoridades da Bolívia reclamam do que chamam de pressão do governo do Brasil para a concessão do salvo-conduto a Roger Pinto Molina, senador da oposição, que recebeu asilo político em território brasileiro há mais de 50 dias. A ministra das Comunicações, Amanda Davila, disse que a Embaixada do Brasil em La Paz faz pressões contra o governo boliviano.

"Lamentamos as declarações do embaixador do Brasil na Bolívia [Marcel Biato] sobre as pressões que tem feito utilizando a mídia [ao invés dos canais diplomáticos]", disse a ministra, referindo-se a Pinto Molina, que pediu asilo ao Brasil, alegando perseguição política na Bolívia.

Para Amanda Davila, o governo do Brasil foi precipitado ao conceder o asilo político a Pinto Molina. Segundo ela, as autoridades brasileiras foram informadas sobre suspeitas de irregularidades envolvendo o senador de oposição, na região do departamento (o equivalente a estado) de Pando, quando foi prefeito.

Enviamos todos os registros para as autoridades [do Brasil] que comprovam que foi tomada uma decisão rápida para a concessão de asilo político, sem conhecimento sobre os processos judiciais neste momento”, disse a ministra, informando que a concessão de asilo ao senador transgrediu a convenção internacional sobre o tema.

Porém, as autoridades brasileiras, responsáveis pela condução do processo, negam quaisquer tipos de pressão para a concessão do salvo-conduto. Não há referências sobre suspeitas de irregularidades envolvendo o processo diplomático referente a Pinto Molina, de acordo com diplomatas brasileiros.

As autoridades bolivianas acusam Pinto Molina de corrupção e de atrapalhar a atuação da Justiça nas investigações sobre desvios de recursos, em 1999, na região de Pando. Desde que denunciou perseguição política, o senador está abrigado na Embaixada do Brasil em La Paz, em um quarto, à espera da concessão do salvo-conduto pelo governo boliviano.

*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI.

Edição: Talita Cavalcante