Cientista brasileiro comemora descoberta de partícula subatômica que pode ser o bóson de Higgs

04/07/2012 - 19h26

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O anúncio feito hoje (4), em Genebra, na Suíça, por cientistas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em francês) da descoberta de uma nova partícula subatômica que pode ser o bóson de Higgs, elemento-chave da estrutura fundamental da matéria, foi comemorado pelo pesquisador José Manoel Seixas, no Brasil. Os cientistas acreditam que o bóson de Higgs (Peter Higgs, cientista britânico que em 1964 publicou a teoria da existência de uma partícula subatômica que confere massa a outras partículas) tenha sido a base da formação do universo.

Professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Seixas coordena a equipe brasileira que atua no detector Atlas, usado no maior acelerador de partículas do centro europeu, o Large Hadron Collider (LHC). O professor da Coppe trabalha no Cern desde 1988. O Atlas reúne cientistas de 85 países que procuram comprovar a existência do bóson de Higgs, também conhecido como Partícula de Deus.

Seixas disse à Agência Brasil que a emoção que estava sentindo era semelhante “à emoção da torcida do Corinthians, se o time paulista, hoje, ganhar a Libertadores [Taça Libertadores da América]”.

Segundo o professor, tudo indica que foi encontrada uma nova partícula. Ressaltou, no entanto, que terão de ser feitas pesquisas adicionais para comprovar “se é o bóson de Higgs, previsto no modelo padrão, ou alguma coisa mais sofisticada, que a gente não conhece. É o que a gente chama de uma partícula exótica”.

Na avaliação de Seixas, os novos estudos poderão comprovar uma teoria que já está bem alicerçada ou identificar uma nova partícula que abre um mundo novo, para o qual a ciência já tem modelos, mas que ainda não conhece adequadamente. “Essa partícula [anunciada hoje] resolve de maneira bastante elegante essa questão que era enigmática para a ciência: por que as partículas têm diferente massa? Ela dá uma explicação para isso. E isso tem uma importância grande no entendimento da estrutura da matéria e, também, no alicerçamento do modelo padrão, que vem sendo considerado, intelectualmente, o maior produto que o homem já produziu”.

O cientista acrescentou que, na prática, o acelerador do Cern deverá mostrar mais coisas, além do bóson de Higgs. Como o acelerador de partículas do Cern, segundo ele, está tendo um desempenho “espetacular”, acredita-se que até o fim do ano as medidas adicionais vão definir que partícula é esta. “Mas, é uma excitação muito grande, porque a gente achou uma partícula nova, com muita massa. E se não for o bóson de Higgs, vai animar muito os físicos”.

 

Edição: Aécio Amado