Igreja Católica do Paraguai cobra do novo governo reforma agrária e justiça social

23/06/2012 - 20h20

Renata Giraldi
Enviada Especial

Assunção – A Igreja Católica do Paraguai cobrou hoje (23) do novo presidente, Federico Franco, que promova a reforma agrária e garanta a inclusão social, melhorando os serviços de saúde e educação, além de empregos com qualidade. O monsenhor Edmundo Valenzuela conduziu um culto ecumênico neste sábado, com a presença do presidente e de integrantes do novo governo, e apelou a Franco que atenda às demandas das camadas mais pobres da população.

“Os interesses mesquinhos não podem mover a política”, ressaltou o monsenhor. “As mudanças políticas no Paraguai exigiram consenso, houve um final pacífico, mas há ainda pendências, como oferecer aos camponeses justiça social. As raízes do problema da distribuição de terra também estão na educação, saúde e no trabalho de qualidade.”

Franco acompanhou o culto ecumênico ao lado da mulher Emilia, dos três comandantes militares – mantidos no cargo mesmo após a destituição do ex-presidente Fernando Lugo do poder – e dos novos ministros e assessores. O culto foi celebrado do lado de fora da catedral de Assunção, a capital paraguaia, e muitas pessoas acompanharam a celebração.

Ao final, o presidente foi cercado por pessoas que queriam cumprimentá-lo. Simpático, Franco cumprimentou várias pessoas, abraçou e acenou. Durante o culto, ele prestou atenção ao sermão do monsenhor que pediu aos manifestantes que mantivessem seus protestos, desde que pacíficos. Também disse que a Igreja respeita o Estado e sabe que ambos devem atuar de forma independente.

“A Igreja é consciente sobre o que é do Estado e o que é da Igreja. A Igreja sabe fazer essa distinção”, disse o monsenhor. “Rezemos hoje mais do que nunca pela paz e a reconciliação”, acrescentou. “A cultura da paz se faz presente quando não há violência.”

Anteriormente, a Igreja Católica havia apoiado Lugo, ex-bispo católico. No sermão, o monsenhor Valenzuela disse ter dúvidas sobre a rapidez com que ocorreu o processo de impeachment de Lugo. No entanto, de manhã, o núncio (representante do Vaticano) da Igreja Católica no Paraguai, Eliseo Antonio Ariotti, anunciou o apoio a Franco. Segundo ele, é necessário que todos contribuam para a paz e a justiça no país.

O monsenhor Valenzuela reiterou, durante o culto, a colaboração do ex-presidente durante o governo e elogiou sua decisão de acatar o impeachment, sem oferecer resistência. De acordo com ele, Lugo cooperou para manter a ordem nas manifestações que ocorrem, em sua opinião, de forma pacífica. Ontem, no entanto, houve confrontos entre policiais e manifestantes nas ruas de Assunção.

Edição: Graça Adjuto