Brasil e Turquia definem incremento de US$ 7 bi nas relações comerciais

21/06/2012 - 12h30

Carolina Gonçalves e Renata Giraldi
Enviadas Especiais

Rio de Janeiro – Antes de retomar as negociações entre os mais de 115 chefes de Estado e Governo reunidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a presidenta Dilma Rousseff abriu a agenda de compromissos com um café da manhã com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ao discutirem a ampliação da parceria bilateral, Dilma e Erdogan se comprometeram a intensificar o comércio entre os dois países.

Os líderes decidiram intensificar as trocas comerciais com investimentos em setores estratégicos para incrementar o atual resultado comercial, de US$ 3 bilhões. Os dois países querem que essa cifra chegue a US$ 10 bilhões. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, não informou em que prazo esse incremento será consolidado, mas disse que os dois governos vão divulgar um comunicado ainda hoje (21), com mais detalhes.

“Estamos emitindo um comunicado hoje que eleva o nível dessa parceria.  A Turquia e o Brasil têm níveis de desenvolvimento semelhantes. Cada país tem força em setores diferentes”, disse.

A Turquia abriu, recentemente, um escritório de promoção comercial e turística em São Paulo. “Uma área que é muito interessante [na Turquia] é a área dos trens de alta velocidade. Tem algumas licitações. Investimentos geram comércio”, acrescentou o ministro.

Dilma e Erdogan também falaram da ampliação e troca de experiências em torno de programas sociais. O governo turco tem um Ministério de Desenvolvimento Urbano que promove a construção de moradias populares, em moldes semelhantes ao do programa brasileiro Minha Casa, Minha Vida.

“Há ainda um grande potencial de intercâmbio na área industrial e na área agrícola. O empresariado está muito ativo na busca dessas oportunidades”, disse Patriota.

A relação estreita que os dois países mantém contempla outras negociações no Oriente Médio. A Turquia é tida como uma nação conciliadora na região. Durante o governo Lula, o Brasil ajudou os turcos nas negociações pelo plano de paz para pôr fim às resistências da comunidade internacional ao Irã. Brasil e Turquia intermediaram reuniões em busca do fim de restrições internacionais ao Irã, com a mediação de um texto para a venda de urânio enriquecido.

Apesar dos esforços, a comunidade internacional rejeitou o acordo na época. Os impasses persistem desde então, mesmo diante das repetidas declarações do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, reafirmando o caráter pacífico do programa nuclear.

Ontem (20), durante a sessão de cúpula da Rio+20, Ahmadinejad discursou por quase 20 minutos, evitando tocar em temas polêmicos e clamando um esforço conjunto “para o gerenciamento de um mundo baseado em compaixão”. Ahmadinejad disse ainda que a repetição de erros “é imperdoável” no momento em que se constrói uma nova ordem no mundo.

Segundo informações da delegação turca, Erdogan e Ahmadinejad vão se reunir ainda hoje no Rio de Janeiro. A pauta do encontro não foi divulgada. À tarde,  Ahmadinejad vai dar uma entrevista coletiva na zona sul da cidade.

Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.

 

Edição: Lílian Beraldo