Amigos da Terra considera decisões de conferência atentado aos povos e ao desenvolvimento sustentável

21/06/2012 - 22h24

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Na avaliação da organização Amigos da Terra Internacional, uma das maiores organizações ambientalistas de base do mundo, o documento oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, é “um atentado aos povos, porque é um documento vazio, sem alma e sem compromissos concretos com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável”.

A opinião foi manifestada à Agência Brasil pela ativista da organização, Lúcia Ortiz, ao participar hoje (21) da plenária que definirá, amanhã (22), a síntese do documento com os cinco temas das principais plenárias que ocorrerão no Aterro do Flamengo, que sedia a Cúpula dos Povos – evento paralelo à Rio+20.

Na avaliação de Lúcia Ortiz, é gritante a falta de compromisso dos chefes de Estado e de Governo para com o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável “em um momento em que se necessita, de fato, de medidas urgentes para que os governos possam prevenir e mudar os rumos que a humanidade está tomando”.

Segundo ela, há toda uma preocupação com a questão da promoção da justiça climática, da perda da biodiversidade e da contaminação dos oceanos. “O que a gente vê é a elaboração de um documento que ainda abre portas para a mercantilização dos bens comuns, sejam eles o ar, a biodiversidade e a água, ou mesmo a comunicação ou as diversidades culturais, que também estão sendo mercantilizadas em um processo onde a política está sendo substituída pela 'financeirização'”.

No entendimento da ativista, mesmo com o texto não explicitando tanto quanto esperavam os países industrializados e as grandes corporações o sentido da promoção de “uma falsa economia verde”, ainda assim, ficou claro que “mais importante que uma decisão sobre o meio ambiente na Rio+20 foi a indicação do grupo do G20 [formada pelas maiores economias mundiais] e dos poderosos, de que continuarão a fazer empréstimos para salvar os bancos europeus e a gerar para esses bancos em crise novas oportunidades de negócios, que se traduzirão em especulação, em novas bolhas financeiras – como seria a bolha da economia verde”.

Lúcia Ortiz ressaltou que os participantes da Cúpula dos Povos têm plena consciência de que, em parte, “derrotaram os poderosos ao enfraquecer a agenda da economia verde e mudar a correlação de forças, ao chamar a atenção para a necessidade de que a voz povo venha a ser escutada, e não só a das grandes corporações”.

Acompanhe a cobertura multimídia da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Rio+20.

Edição: Lana Cristina