Ipea aponta crescimento na internacionalização de empresas de países em desenvolvimento

14/06/2012 - 16h22

Camila Maciel
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Estudo divulgado hoje (14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra um crescimento de 10,5 pontos percentuais na internacionalização de empresas de seis países em desenvolvimento, nos últimos 20 anos. O percentual, que era de apenas 7% em 1990, passou para 17,5% em 2010.

O levantamento mostra que políticas públicas de fomento foram essenciais para possibilitar a expansão do investimento direto externo (IDE).

O instituto analisou as estratégias de internacionalização de seis países: África do Sul, China, Coreia do Sul, Espanha, Malásia e Rússia. Dentre as estratégias avaliadas pelo Ipea estão linhas de crédito, taxas de juros subsidiadas, serviços de apoio (consultorias, feiras, fóruns) e cursos para melhoria de capacitação de pessoal.

“As políticas públicas assumem um papel central para as empresas que buscam realizar investimentos no exterior, tendo em vista os elevados riscos envolvidos nessas operações, bem como a necessidade de informações precisas e de montantes de recursos relevantes”, ressalta o documento.

O estudo aponta que a Ásia em desenvolvimento, liderada pela China, representa 70% dos fluxos de IDE recebidos pelos países em desenvolvimento, na última década. A América Latina responde por 29% e a África por 1,6%, segundo dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

Segundo o Ipea, essa expansão aprofunda a competitividade das empresas, além de estimular a capacitação técnica e de recursos humanos. Na África do Sul, por exemplo, segundo dados da Unctad, o governo do país assinou 39 acordos bilaterais de investimentos entre 1994 e 2011. Segundo o Ipea, a proteção recíproca ao investimento tem sido a principal motivação por trás desses acordos.

O estudo mostra também que, para encorajar as empresas chinesas a instalarem parques industriais em outros países, o governo tem implantado o chamado one stop point, no qual os clientes têm acesso a serviços de vários ministérios e outras instituições governamentais. Vietnã, Camboja, Paquistão e Rússia foram outros países a receber esse espaço.

Na Coreia do Sul, o apoio financeiro pode chegar a 90% do total investido no exterior. Há incentivos, sobretudo, para projetos que assegurem o acesso a recursos naturais. O governo espanhol, por sua vez, disponibiliza políticas de seguro para o processo de internacionalização, visando a mitigar os riscos desses investimentos. A proteção está relacionada a direito de propriedade, falta de transparência, ruptura de compromissos em decorrência de guerras ou revoluções no país receptor.

Uma das medidas identificadas na Malásia é o investimento em serviços técnicos. Na Rússia, embora não exista um conjunto de políticas, algumas ações repercutem na internacionalização das empresas, como o maior envolvimento estatal no setor energético do país.

O estudo mostra ainda que a movimentação mais intensa de recursos ocorre na Espanha, com 3,23% de participação no IDE mundial. Outro destaque é o IDE russo, com 2,12%. Dos seis países analisados, apenas China e Malásia não têm os Estados Unidos ou a Europa como principais destinos. Nesses dois países, o IDE é voltado para a região asiática.

O Ipea toma essas estratégias como exemplo para propor políticas de ampliação do número de empresas brasileiras no exterior. “A análise de experiências internacionais oferece uma ampla gama de opções e ideias, as quais podem ser avaliadas pelos gestores públicos de forma complementar às políticas públicas em execução, de forma a favorecer a expansão de empresas brasileiras no mercado internacional”, assinala o documento.

Edição: Davi Oliveira