Federações das Indústrias elaboram documento propondo ações pró-desenvolvimento sustentável

12/06/2012 - 18h04

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Responsáveis por 75% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial nacional, as federações das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e de São Paulo (Fiesp) encaminharam hoje (12) ao governo federal documento defendendo ações contra a desigualdade de direitos e a favor de oportunidades para todos, para chegar ao desenvolvimento sustentável. Firmado no espaço Humanidade 2012, o documento poderá servir de subsídio às negociações para elaboração do documento a ser apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Segundo o presidente da Fiesp, Paulo Skaff, o objetivo é mostrar que “a sustentabilidade verdadeira é baseada no tripé econômico-social-ambiental”. Para ele, o foco deve ser a união das pessoas: “quando  as pessoas se unem e se harmonizam, os resultados são positivos.” O presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, enfatizou que a intenção é enriquecer a discussão na Rio+20 do ponto de vista da humanidade, da qual fazem parte "também os industriais e os industriários”.

O Humanidade 2012 é promovido pela Fiesp e pela Firjan no Forte de Copacabana, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a prefeitura do Rio de Janeiro.

De acordo com o diretor de Infraestrutura da Fiesp, Carlos Cavalcanti, o desenvolvimento sustentável precisa de instrumentos de mensuração e monitoramento, além das ações que já vêm sendo tomadas pelos países, principalmente nas áreas social e ambiental. O setor industrial ratificou o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, definido na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, mas destacou que todos os países têm de estabelecer metas. Para o setor, os países desenvolvidos, principais responsáveis pelos danos ambientais causados ao planeta, devem rever padrões de produção e de consumo e assumir seus custos e responsabilidades em relação ao futuro da Terra.

Na área da energia, responsável por 66% das emissões de gases causadores de efeito estufa no mundo, as entidades representativas da indústria consideram necessário aumentar o uso de fontes de baixa emissão, como as usinas hidrelétricas. Para as duas federações, os grandes potenciais hídricos existentes na América do Sul, África e Ásia devem ser aproveitados, priorizando a fonte de menor emissão e elevada competitividade.

O documento dos industriais destaca ainda a necessidade de aprofundamento da questão tecnológica, com a substituição de combustíveis baseados no petróleo por biocombustíveis, setor em que “o Brasil é exemplo para o mundo”. Segundo Cavalcanti, é preciso dar preferência aos modais de transporte com alta quantidade de carga e menor emissão de gás carbônico (CO2). No transporte de passageiros, a prioridade tem de ser para o transporte coletivol.

A Fiesp e a Firjan abordam também as questões da segurança alimentar e da necessidade de preservação das florestas e da biodiversidade. No caso das florestas e da biodiversidade, que o documento aponta como principal vulnerabilidade do Brasil, as entidades destacam que o país já teve sucesso, ao reduzir em mais de 75% o desmatamento, no período 2004 a 2010. Quanto à meta estabelecida pela ONU de 75% de cobertura de esgotamento sanitário em 2015, o documento estima que não seja alcançada.

As duas entidades manifestaram-se contra a adoção de barreiras comerciais, diante de questões ambientais, salvo nas exceções permitidas pelos acordos da Organização Mundial do Comércio, “para não agravar as desigualdades socioeconômicas entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento”. Informam ainda que o conteúdo do desenvolvimento sustentável será introduzido nos currículos do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).

Edição: Nádia Franco