MJ diz que já identifica casos de europeus vítimas de tráfico de pessoas no Brasil

31/05/2012 - 20h23

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A vontade de muitos jovens brasileiros de terem uma experiência profissional no exterior já resultou em muitos casos de vítimas de tráfico de pessoas. De acordo com o Ministério da Justiça, no entanto, com o crescimento econômico do Brasil e o aumento da fiscalização, é cada vez mais comum a identificação de cidadãos europeus vítimas desse crime no território brasileiro, iludidos por falsas oportunidades de trabalho.

“Durante muito tempo os brasileiros eram as maiores vítimas, quando iam aos países centrais. Agora, temos percebido que há ocorrência de tentativas de tráfico de pessoas a partir da América Latina e dos países centrais, que estão em crise. Neles, existem ocorrências de tentativas de tráfico de pessoas enviadas ao Brasil com o mesmo propósito”, disse hoje (31) o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão.

O combate a esse tipo de crime foi discutido no Seminário Internacional Brasil-União Europeia sobre Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. A constatação de problemas comuns, de acordo com Paulo Abrão, resultou na necessidade de se aproximarem com o objetivo de planejar ações e definir parâmetros para a troca de informações. “Vamos padronizar essa coleta de informações para que, em um ano, tenhamos dados confiáveis para formular nossas políticas”, adiantou.

Presente ao encontro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ressaltou a necessidade de cooperação internacional para enfrentar o tráfico de pessoas. “Esse é um problema que preocupa muitos países do mundo, em especial a Comunidade Europeia. Portanto, o enfrentamento não passa apenas por medidas internas de nosso país. Sem uma relação internacional aprofundada e sem a conjugação de esforços, não será possível encontrarmos a solução”, disse.

Isso levou governos de diferentes países a ampliar parcerias visando ao combate desse tipo de crime que, segundo avaliação do secretário Paulo Abrão, “já se constitui como o terceiro maior volume de ativos ilícitos no mundo”. De acordo com a embaixadora da União Europeia no Brasil, Ana Paula Zacarias, "o tráfico de pessoas movimenta US$ 7 bilhões anuais".

Apesar de os dados ainda serem preliminares, Abrão diz já ser possível identificar o perfil internacional das vítimas de tráfico. “São principalmente mulheres entre 19 e 24 anos. Em geral, são traficadas para diferentes fins. Entre as modalidades mais comuns estão a exploração sexual, a remoção de órgãos e tecidos humanos, trabalho escravo ou servidão em casamentos”.

Abrão explica que as denuncias de prática desse crime no Brasil podem ser feitas nos núcleos e postos de enfrentamento ao tráfico de pessoas instalados em pontos de entrada no país e rodoviárias de diversos estados. “As pessoas podem procurar esses locais para apresentar suas demandas, pois são eles que administram, in loco, a ocorrência dos fatos e depois os levam ao âmbito federal, para eventual ação articulada com a Polícia Federal”.

Edição: Davi Oliveira