Acionista do frigorífico que comprou a Delta, BNDES rechaça insinuação de ingerência política no negócio

10/05/2012 - 15h54

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) esclareceu, por meio de nota, que não foi consultado sobre a venda da Construtora Delta para a holding J&F, controladora do Grupo JBS, um dos maiores frigoríficos do mundo. O JBS tem o BNDES como financiador e acionista.

“A iniciativa do negócio partiu exclusivamente da holding da família controladora e é uma decisão privada de natureza empresarial, que não depende da anuência do BNDES e sobre a qual a instituição não foi consultada. Caso seja concretizada a venda, o BNDES não se tornará sócio da construtora, já que é acionista apenas da JBS, empresa do setor de proteína animal”, informou o banco estatal de fomento.

O banco repudiou “qualquer ilação de caráter político relacionada a sua presença como acionista da JBS”. Acrescentou que pretende preservar os interesses da instituição e dos demais acionistas da JBS, que compraram papéis da empresa no mercado de capitais.

O apoio do BNDES a empresas de proteína animal se deve, segundo a nota, ao fato de o setor apresentar elevado nível de competitividade internacional e sua cadeia produtiva contribuir para o desenvolvimento econômico do Brasil.

Ontem (9), a J&F, controladora do Grupo JBS, anunciou a assinatura de um acordo com a Construtora Delta para assumir a gestão da companhia. A Delta pode ser investigada pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, por causa das relações da construtora com o empresário goiano Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A J&F informou, porém, que o negócio só será concretizado após detalhada auditoria na Delta.

A construtora tem contratos com órgãos públicos federais, estaduais e municipais em vários estados e é a principal empreiteira das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Edição: Vinicius Doria