Projeto de internacionalização da Eletrobras prioriza investimentos na África e na América do Sul

18/04/2012 - 20h55

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Eletrobras planeja iniciar a construção de uma usina hidrelétrica e duas linhas de transmissão em Moçambique a partir de 2013. A informação foi dada hoje (18) pelo presidente da estatal, José da Costa, que se encontrou no Rio de Janeiro com o primeiro-ministro moçambicano, Aires Bonifácio Baptista Ali. O investimento no país africano faz parte do processo de internacionalização da Eletrobras, que também avalia negócios no Uruguai, Peru, na Nicarágua, Guiana, Guiana Francesa e no Suriname.

“Nós temos uma análise do setor elétrico do mundo inteiro. Temos um conhecimento de todos os países, do perfil de energia, qual é o mercado, como é a geração, o que importa e o que exporta para verificarmos quais as oportunidades que temos. Mas estamos dando preferência para América do Sul, América Central e África”, disse Costa.

No caso de Moçambique, já foi feito o estudo de pré-viabilidade e o próximo passo é preparar o estudo de viabilidade, que deve durar cerca de um ano e meio, incluindo o estudo de engenharia financeira da obra. Costa adiantou que serão construídas uma hidrelétrica de 1,5 mil megawatts (MW) no Norte do país e duas linhas de transmissão, de 600 kilovolts (kV) e cerca de 1,5 mil quilômetros de extensão cada. O custo da usina é projetado em US$ 2,3 bilhões e o das linhas, US$ 3,7 bilhões, totalizando um investimento de US$ 6 bilhões.

Quando entrar em operação, o sistema vai praticamente dobrar a oferta de energia em Moçambique, país que tem apenas uma grande hidrelétrica e complementa a oferta com geradores movidos por combustíveis fósseis instalados em cidades e aldeias. As conversas preliminares indicam que a Eletrobras entrará com 49% de participação nos empreendimentos. O controle (51%) será da empresa estatal moçambicana de energia EDM.

Uma das linhas de transmissão fara a ligação com a África do Sul, país de economia mais desenvolvida, que tem demanda firme para a energia. A outra linha, segundo Costa, terá o objetivo de capilarizar a distribuição energética por todo o país que, atualmente, só consegue abastecer 20% da população com a rede de energia elétrica.

O presidente da Eletrobras também comentou um projeto de desenvolvimento de parques eólicos no Uruguai, com 150 MW, e a construção de uma linha de transmissão de 500 KV, com 390 quilômetros, para ligar a Usina de Candiota, no Rio Grande do Sul, a Montevidéu (Uruguai). O assunto será um dos temas da visita que o presidente uruguaio, José Mujica, fará à presidenta Dilma Rousseff, amanhã (19). “Esta linha deve ser inaugurada em outubro do ano que vem, quando já estará em operação comercial. São 60 quilômetros do lado do Brasil e 330 quilômetros do lado do Uruguai”.

Costa detalhou ainda, em entrevista coletiva, os resultados financeiros da estatal em 2011. A receita operacional líquida somou R$ 29,533 bilhões, contra R$ 26,832 bilhões em 2010, alta de 10%. O lucro líquido no ano passado ficou em R$ 3,733 bilhões, ante R$ 2,248 bilhões no ano anterior, alta de 66%.

Edição: Vinicius Doria