Oferta de etanol aumenta, mas abastecimento ainda depende de importação

12/04/2012 - 18h46

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Depois de registrar no ano passado o pior desempenho dos últimos 24 anos, as usinas do Centro-Sul do país se preparam para moer 509 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na próxima safra (2012/2013). Isso significa um aumento de 3,19% sobre a safra atual, o que permitirá a produção de 33,1 milhões de toneladas de açúcar (+ 5,72% sobre a produção atual) e 21,4 bilhões de litros de etanol (+ 4,58%).

No entanto, para suprir o abastecimento interno de álcool anidro, biocombustível que é misturado à gasolina, haverá a necessidade de importar dos Estados Unidos em torno de 500 milhões de litros. Esse montante é menos que a metade do que foi importado no ano passado dos produtores norte-americanos (1,5 bilhão de litros).

A informação foi dada hoje (12) por Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), ao anunciar a projeção da próxima safra em conjunto com representantes de sindicatos e associações de produtores sucroalcooleiros e do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Na avaliação dele, não é a falta de estoques que tem tornado a gasolina mais vantajosa para o consumidor, exceto em São Paulo, mas os encargos tributários embutidos no preço do biocombustível.

O executivo informou ainda que está ocorrendo uma recuperação gradual do setor, que teve "o pior desempenho dos últimos 24 anos, na última safra, com redução na oferta de cana em 12%; na de etanol em 20% e de 8% na de açúcar”. No entanto, ele pondera ser necessário cerca de uma década para que o etanol reconquiste a fatia de 50% do mercado de combustíveis do país.

Além da implantação de mais usinas, Jank defendeu a necessidade de uma política de longo prazo para aumentar a produtividade do setor, com mais investimentos em tecnologia e na renovação dos canaviais. Ele informou que o índice de produtividade da lavoura canavieira, que havia caído para 12%, retornou à média dos últimos anos, de 20%. Mas a produção média por hectare caiu de 86 para 70 toneladas.

De acordo com o diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, o Centro-Sul tem uma área plantada de 7,45 milhões de hectares, um acréscimo de 10 a 12% sobre as safras 2009/2010 e 2010/2011. Já no eixo Norte-Nordeste, o plantio ocupa 1 milhão de hectares.

Edição: Vinicius Doria