Gurgel pedirá inquérito para apurar ligação de parlamentares com Cachoeira

27/03/2012 - 20h07

Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, decidiu pedir a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o envolvimento de políticos com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A medida foi anunciada por parlamentares recebidos na tarde de hoje (27) por Gurgel e confirmada pela assessoria da Procuradoria-Geral da República (PGR). “Nas próximas horas, vamos ter manifestação da PGR no STF”, assegurou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)

Os integrantes da Frente Parlamentar Mista de Combate à Corrupção protocolaram na PGR um pedido para que Gurgel acelere as apurações sobre o assunto, pois há notícias de que o órgão tem informações sobre o esquema criminoso desde 2009. “Chegamos aqui céticos, mas ele nos deu informações muito alvissareiras de que está em vias de concluir a análise do material que recebeu. Tudo o que colocamos foi respondido de forma afirmativa pelo procurador”, disse o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).  

Segundo os políticos, Gurgel sinalizou que há indícios suficientes para pedir investigação sobre a conduta do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), mas que ainda está analisando a situação de outros parlamentares citados nas denúncias. A assessoria da PGR disse que não há prazo para que o pedido de inquérito seja protocolado no STF.

De acordo com os parlamentares, Gurgel justificou a demora para agir alegando que as primeiras informações sobre as relações de Cachoeira na política eram insuficientes para pedir abertura de inquérito. Segundo os parlamentares, ele disse também que indícios mais robustos chegaram com as investigações que resultaram na Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal no mês passado, na qual foram presos Cachoeira e mais 34 pessoas.

Randolfe Rodrigues disse que Gurgel prometeu responder em breve à representação assinada em conjunto com o senador Pedro Taques (PDT-MT) para obter o áudio das apurações e os nomes de todos os congressistas citados. Mesmo sem essas informações, a frente deverá pedir amanhã (28) abertura de processo contra Demóstenes Torres na Conselho de Ética.

O deputado Ivan Valente (PSOL-PA) disse que o grupo vai esperar mais informações sobre o envolvimento de deputados federais no esquema antes de acionar o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Edição: Nádia Franco