Governo da França pede que emissora não divulgue imagens feitas por atirador de Toulouse

27/03/2012 - 8h29

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A emissora de televisão Al Jazeera obteve o vídeo feito por Mohamed Merah, autor dos ataques em Toulouse, na França. A pedido do Conselho Superior de Audiovisual e do Ministério das Relações Exteriores, as imagens não foram divulgadas. O diretor da Al Jazeera em Paris, Zied Tarrouche, disse que as imagens foram feitas por uma câmera especial fixada no tórax do atirador.

Ao que tudo indica, as cenas foram editadas e incluem cânticos religiosos ao fundo. Para especialistas, isso sinaliza que Merah tinha cúmplices para cometer os crimes. O vídeo foi enviado pelo correio para a emissora de televisão.

Policiais investigam o carimbo contido no envelope usado para colocar o vídeo. Eles querem saber se foi Merah que colocou o envelope no correio, na véspera dos assassinatos na escola judaica, ou se alguém o ajudou na tarefa. O principal suspeito é o irmão mais velho dele, Abdelkader Merah, de 29 anos, que nega participação nos crimes. Porém, ele é investigado e está sob custódia da Justiça.

Segundo especialistas, o texto enviado com o vídeo à emissora foi considerado fantasioso. Nele, Merah disse pertencer à rede terrorista Al Qaeda. Mas ele não utiliza os códigos nem as reivindicações normalmente usados pela organização internacional.

Paralelamente, Mohamed Benalel Merah, pai de Mohamed Merah, disse hoje que pretende processar o Estado da França por ter matado o filho dele. A iniciativa gerou reações do ministro das Relações Exteriores, Alain Juppé. O chanceler respondeu: “Se eu fosse pai de um monstro como esse, eu me calaria de vergonha" .

O pai de Merah disse que vai contratar advogados e processar o governo francês.  “Vou contratar os maiores advogados e trabalhar o resto da minha vida para pagar os custos. A França é um grande país que tinha meios de prender o meu filho vivo. Eles poderiam tê-lo dopado com gás e depois o prendido, mas preferiram matá-lo”, disse Mohamed Benalel Merah.

*Com informações da emissora pública de rádio da França, RFI//Edição: Graça Adjuto