Moradores da Cidade Estrutural cobram investimentos em infraestrutura básica

17/03/2012 - 17h47

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Moradores da Cidade Estrutural, comunidade pobre de Brasília, se reuniram hoje (17) para cobrar da administração regional medidas que beneficiem as condições de vida da população local. Eles reivindicam principalmente investimentos em infraestrutura básica, como saneamento, pavimentação de ruas e iluminação pública.

A Cidade Estrutural, com população estimada de 25,7 mil habitantes, representa claramente a realidade de várias outras cidades brasileiras que convivem com duas realidades em um mesmo lugar: o da pobreza quase que absoluta e a de condições mínimas de sobrevivência. De toda a população local, 35,2% têm até 14 anos e quase a metade – 45,8% - são menores de 18 anos.

Os números baseiam-se na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad/2011) de 2011, elaborada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

Quem chega ao local, percebe na entrada da cidade, algumas a prestação de serviços públicos como postos policiais, escolas públicas, posto de saúde, além de ruas pavimentadas, iluminação pública, comércio estruturado e um centro de atividades físicas com equipamentos de ginástica para a população.

No entanto, esses benefícios não chegam aos moradores do setor oeste da cidade, onde já foram entregues parte das 270 residências do Programa Minha Casa, Minha Vida em construção. Eles reclamam que as famílias, quase todas formadas por catadores de um dos mais antigos lixões do Distrito Federal, não foram beneficiadas. Também criticaram a falta de investimentos em infraestrutura básica como saneamento, pavimentação de ruas e instalação de iluminação pública.

“Estão urbanizando o lugar com oito becos fechados. Me diga como vão abrir estrada com uma casa no meio? Isso é maquiagem na entrada [da cidade] e no fundo [área do lixão] o povo que se lasque”, reclamou a prefeita da quadra da Quadra 6 do setor oeste, uma das mais abandonadas.

A reportagem da Agência Brasil esteve no local e constatou estradas sem pavimentação, esburacadas, por onde trafegam diariamente dezenas de caminhões para descarregar parte do lixo da cidade. Algumas residências distribuídas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida tiveram parte da casa transformada ilegalmente em comércio. Também existem becos com barracos construídos com pedaços de madeira e telhado de zinco.

A administradora regional da cidade, Maria do Socorro Torquato Fagundes, reconheceu que parte dos beneficiados pela primeira distribuição das casas do programa do governo dividiu suas residências para conciliar com um pequeno comércio. “Essas pessoas que têm comércio em casa estão ilegais e não receberão alvará para funcionamento. As residências do Minha Casa, Minha Vida não são comércio. Eles serão notificados pela administração”.

Quanto as vias coberta de terra, ela disse estão pavimentadas, mas a movimentação diária de caminhões transportando o lixo para o aterro acaba enchendo a via de terra. Um dia por semana, segundo Socorro Torquato, uma patrola retira a terra acumulada e caminhões pipas jogam água para lavar o asfalto. A terra no anel viário utilizado pelos caminhões de lixo, no entanto, não tem asfalto preparado para trânsito pesado o que causa a buraqueira mostrada pela prefeita da Quadra 6. “Isso só será resolvido com a duplicação da via que estamos negociando com o governo do Distrito Federal”.

 

Edição: Aécio Amado