Fiocruz fará caravanas pelo interior do país para ajudar populações em extrema pobreza

07/03/2012 - 22h20

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai organizar caravanas com profissionais de saúde para o interior de diversos estados, com objetivo de localizar e ajudar parcelas da população que vivam em extrema pobreza. Dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) indicam que existem cerca de 16 milhões de pessoas no Brasil nessa condição, quando a renda familiar per capita mensal é inferior a R$ 70.

As caravanas estão inseridas em acordo firmado hoje (7) entre o MDS e a Fiocruz para definir ações no âmbito do Plano Brasil sem Miséria, do governo federal. A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, ressaltou que a localização desse contingente da população em extrema pobreza é tarefa árdua, pois muitas famílias vivem em locais distantes e de difícil acesso. “O país tirou 28 milhões da pobreza e elevou 40 milhões de pessoas à classe média. Mas esses 16 milhões de brasileiros representam o núcleo duro da pobreza. É papel do Estado ir atrás dessa população, que é invisível. Vive na floresta ou mesmo nas áreas urbanas”, disse a ministra.

Segundo ela, além de levar renda, é preciso oferecer oportunidades e acesso a serviços públicos às famílias mais pobres. “É a inclusão desses milhões de brasileiros que leva ao crescimento. É incluindo que vamos crescer.”

O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, destacou que o acordo firmado com o MDS reflete a própria origem da instituição, que foi criada há mais de um século para ajudar a resolver os problemas de saúde da população. “É um mergulho na nossa tradição, atualizando para um desafio presente. A miséria é tanto um determinante da doença como também as doenças perpetuam situação de exclusão e de miséria”, disse Gadelha.

As caravanas da Fiocruz são inspiradas em ações semelhantes realizadas no século passado por cientistas e sanitaristas que percorriam o interior do país para levar atendimento à população isolada. Neste ano, a Fiocruz já levou caravanas para o município de Pau D´Alho (PE) e para a cidade satélite Sobradinho 2, no Distrito Federal, mas essas ações foram desenvolvidas ainda em caráter de experiência piloto. Outras caravanas serão empreendidas, dependendo da liberação de verbas.

Para a diretora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Tânia Araújo Jorge, as caravanas servem, principalmente, para chamar a atenção para essas populações necessitadas. “Nós vamos percorrer as mesmas regiões que Carlos Chagas, Belisário Penna e Arthur Neiva percorreram, mas com um outro olhar e outros critérios. Não vamos fazer um diagnóstico de situação, porque isso já existe. Vamos para acelerar a relação intersetorial para superar a extrema pobreza. Fazer cursos de educação científica, misturando professores, agentes de saúde e de assistência social”, disse Tânia.

Também foi assinado convênio entre a Fiocruz e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que vai disponibilizar 100 bolsas de estudos dentro do Programa de Indução de Teses de Pós-Graduação que Contribuam para o Brasil sem Miséria.

Edição: Lana Cristina