Bloco afro leva às ruas histórias dos negros que construíram São Luís

21/02/2012 - 14h22

Morillo Carvalho
Enviado Especial

São Luís - Ilha Negra de São Luís é o tema do bloco afro Akomabu, que apresenta neste carnaval uma homenagem aos negros e às entidades que lutam contra a desigualdade racial na capital maranhense. Criado em 1984, cinco anos após a fundação do Centro de Cultura Negra do Maranhão, o Akomabu é o braço musical da instituição e se propõe a colocar as discussões do centro nas ruas, por meio da música.

Como em 2012 a cidade completará 400 anos, o bloco afro resolveu trabalhar o tema de modo a contar a história dos negros que participaram da construção de São Luís, de 1612 aos dias atuais. Para isso, relacionou minibiografias de quase 50 negros no encarte do disco do grupo para este ano. Entre os homenageados estão Joãosinho Trinta e Alcione.

“Nas escolas aprendemos somente sobre os holandeses, portugueses, franceses, enquanto a história de nossos antepassados fica perdida no tempo”, justificam Raydenisson Sá e Soraia Cruz, autores do tema deste ano, no encarte do disco. “Não queremos. de modo algum, desmerecer os povos citados e sim (re)contar de modo verdadeiro e abrangente nossa trajetória de luta árdua pela conquista de espaços”, acrescentam.

Luiz Alves Ferreira, um dos fundadores do CCN, foi o primeiro presidente da entidade e tem a biografia relacionada no encarte. Para ele, a influência negra na construção da capital se dá até mesmo em um de seus elementos mais conhecidos: os azulejos das fachadas do casario histórico: “Dizem apenas que os azulejos são portugueses. Se esquecem que os mouros dominaram Portugal e ali há a técnica deles também”.

Akomabu significa a cultura não pode morrer, na língua urubá. “E é um bloco que funciona como instrumento de conscientização, lúdico, mas acima de tudo, resgatando os direitos e a autoestima da população negra”, diz  Ferreira.

Sobre o fato de os 400 anos de São Luís terem sido retratados na Marquês de Sapucaí pela Beija-Flor de Nilópolis, o fundador do CCN disse que faltou representar o povo negro. "Eu ouvi ontem, no desfile do Akomabu, na Rua do Passeio, as pessoas dizerem: vocês deviam estar lá, vocês representam a cidade de São Luís, a cultura afro-maranhense”.

Edição: Graça Adjuto