Polícia dispersa manifestação na Grécia, mas milhares permanecem nas ruas

12/02/2012 - 17h36

Da Agência Lusa

Brasília - A polícia de Atenas dispersou hoje (12) a manifestação convocada para a Praça Syntagma, em frente ao Parlamento grego. Os agentes usaram bombas de gás lacrimogêneo e empurraram as pessoas para as ruas laterais, mas muita gente permanece nas imediações do prédio.

A manifestação reuniu 25 mil pessoas - 15 mil próximo à sede do Parlamento e 10 mil a 1 quilômetro de distância, nas imediações da Praça Omonia. A polícia local destacou 3 mil homens para a operação.

Não houve pânico durante a retirada dos manifestantes da praça. Durante a ação, milhares de pessoas se acotovelavam por estreitas ruas, mas em ordem, como se estivessem há muito habituadas a esse tipo de situação.

"Foi uma ação inesperada, pensei que nos deixariam fazer a manifestação e voltar para casa. A polícia foi muito agressiva. Nem nas manifestações dos indignados, entre maio e julho, isso aconteceu", disse Haritina, uma manifestante.

"Os policiais recebem ordens para fazer isso, também estão em uma posição difícil", comentou Petrus, médico que participou do protesto contra as medidas de austeridade que o Parlamento debate hoje para garantir um segundo resgate de 130 bilhões de euros.

Milhares continuam concentrados nas ruas e praças do centro de Atenas, mas já um pouco afastados do Parlamento. Muitas pessoas usam proteção para os olhos e para o rosto, incluindo máscaras cirúrgicas.

Uma enorme mistura de idades e de camadas sociais – pais idosos acompanhados pelos filhos e senhoras de braços dados – ajudam-se e confundem-se com jovens de rosto totalmente coberto, gritando palavras de ordem agressivas. "Vamos jantar e voltamos", diz um casal que desce em direção à Praça Metropoli, onde fica a principal igreja ortodoxa de Atenas.

Muitas pessoas telefonam aos amigos de quem se perderam, enquanto um homem de meia-idade se retira sem deixar de comentar em voz alta: "Parece a democracia do Papadopoulos", em uma referência ao líder da junta militar que governou a Grécia entre 1967 e 1974.

O novo plano grego de resgate, cuja adoção é exigida pelos credores internacionais para impedir a bancarrota e manter Atenas no euro, levou à convocação, em caráter de urgência, de um debate parlamentar em que o governo de coligação socialista-conservador de Lucas Papademos detém maioria teórica de votos.

O novo plano de austeridade prevê, entre outras medidas, a demissão de 15 mil funcionários públicos até o fim do ano, em um total de 150 mil dispensas até 2015, redução de 22% no salário mínimo, que deverá situar-se perto dos 500 euros, e a liberalização das leis trabalhistas. A votação do projeto de lei está prevista para a meia-noite em Atenas (20h em Brasília).