Polícia diz que ainda é cedo para determinar causas do desabamento parcial de prédio em São Bernardo do Campo

08/02/2012 - 19h13

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O delegado titular do 1º Distrito Policial de São Bernardo do Campo, Victor Vasconcellos Lutti, declarou hoje (18) que ainda é cedo para determinar as causas do desabamento parcial do Edifício Senador, no centro de São Bernardo do Campo, que causou a morte de duas pessoas, entre elas uma criança. Segundo ele, no mesmo dia do desabamento foi aberto um inquérito para investigar as causas da tragédia.

De acordo com Lutti, a polícia já tomou os depoimentos do síndico do prédio,o advogado Lauro Salera, e de uma sobrevivente. O delegado também informou que ouviu uma testemunha cuja identidade está sendo preservada, e que serão formulados dois laudos: um inicial e outro complementar. Lutti disse ainda que vai esperar a desocupação total para fazer uma varredura a fim de verificar todas as possibilidades que podem ter contribuído para o desabamento do prédio.

Na avaliação do coordenador do curso de engenharia civil da FEI, Kurt André Pereira Amann, apesar de ser ainda muito cedo para qualquer conclusão sobre as causas do desabamento, ele descarta a explosão de gás ou que uma caixa de água tenha cedido. “Fotografias do alto do prédio antes do desabamento não mostram a presença de uma caixa de água e outras fotos depois do desabamento não indicam nenhum tipo de concreto projetado para fora”.

As fotografias, segundo o engenheiro, indicam que parte da laje da cobertura do prédio cedeu. O que, na opinião dele, é estranho, pois não é comum que estruturas como essa tenham colapsos repentinos. “Em geral uma estrutura não tem esse tipo de ruptura brusca e dá avisos antes de acontecer. Não sei se os avisos não foram percebidos”.

Para Amann, o que pode ter havido é uma infiltração de água de longo prazo, que com o tempo causou um processo de corrosão do aço. “Como o aço tem importância fundamental nessa forma de estrutura, ele não permite que o material caia, mas nesse caso ele deve ter ficado fragilizado devido à corrosão”, explicou.

O engenheiro disse que o acidente chama a atenção para a necessidade de manutenção periódica dos prédios, fato não faz parte da cultura e do costume dos condomínios. “Isso não pode ser deixado de lado. Temos estruturas muito antigas e não temos cultura de manutenção. Embora muitas vezes uma trinca seja inocente, apenas um profissional habilitado pode identificar se é nociva. É preciso ficar atento a isso”, alertou.

Desde a noite de segunda-feira (6), o Corpo de Bombeiros trabalha na retirada dos escombros. De acordo com o capitão Alfio Mandrucci, responsável pelas operações no local, o trabalho deve ser finalizado na tarde de hoje (8) com a retirada dos objetos pendurados na fachada. Em seguida, a Defesa Civil do município fará uma vistoria no local. “A Defesa Civil ficará responsável por gerir a edificação, verificar o que vai acontecer com ela. Entregando o prédio para a Defesa Civil, eles devem fechar os acessos e lacrar todo o imóvel”. Segundo Mandrucci, já foram retiradas cerca de 300 toneladas de entulho.

O síndico do condomínio declarou que não havia irregularidades no prédio, nem infiltrações, e que não tinha notado nenhum problema. “Muito difícil imaginar o que aconteceu. Você olha parece um negócio montado de cima a baixo. Não tenho a menor ideia”. Segundo ele, havia 74 salas comerciais no edifício, de serviços variados, mas não soube precisar quantas pessoas trabalhavam. “Sei que por dia circulavam por ali cerca de 1.500 pessoas”. Durante todo o dia, pessoas que trabalhavam em salas comerciais  no prédio puderam entrar no edifício para retirar pertences.

Priscilla Cestare, filha da proprietária de uma estética que funcionava no sexto andar, contou que trabalhava com a mãe, e que no dia do desabamento elas haviam saído uma hora antes do acidente. “Nossa sala fica ao lado da sala que despencou. Já fizeram buracos na parede da nossa sala para ver o estrago. Hoje é que vamos conseguir subir para pegar o equipamento que temos na sala para podermos continuar trabalhando”.

 

Edição: Aécio Amado