Jornais paraguaios destacam conflitos com brasileiros

01/02/2012 - 10h49

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil


Brasília – Três dos principais jornais de circulação nacional no Paraguai destacam os conflitos entre os agricultores brasileiros, chamados de brasiguaios, e os sem-terra locais, denominados carperos, na região de Santa Rosa del Monday, no Alto Paraná, próximo à fronteira com o Brasil. O maior jornal paraguaio, o ABC Color, dedicou o editorial de hoje (1°) ao assunto criticando duramente a xenofobia contra os trabalhadores brasileiros.

Em sua versão online, o ABC Color disse que os agricultores do país fazem campanha para acabar com a propriedade privada no Paraguai. De acordo com o texto, há um “espírito distorcido e um falso nacionalismo” que conduzem a atos de “clara xenofobia”. No editorial, o jornal alerta sobre “consequências embaraçosas” para a paz social na região.

O encarregado de Negócios do Paraguai no Brasil (o principal representante do governo em Brasília), Didier Olmedo, disse à Agência Brasil que, de acordo com a legislação em vigência, o filho de um estrangeiro que nasce em território paraguaio é considerado um cidadão do país. “Aquele que nasce no Paraguai é paraguaio para nós”, disse.

A principal notícia publicada no jornal Última Hora se refere à determinação do governo de aumentar a segurança nas áreas de conflito no Paraguai – no Alto Paraná e em Itapua, ambas as regiões na fronteira com o Brasil. A estimativa é que 350 mil brasileiros vivam em território paraguaio – a maioria é agricultor.

No jornal Diário Popular, o destaque é a ordem do presidente paraguaio, Fernando Lugo, ao ministro do Interior, Carlos Filizzola, para que garanta segurança aos brasiguaios e aos sem-terra do Paraguai, evitando o agravamento da crise. O apelo ocorre no momento em que homens da Polícia Nacional apelam por reajuste salarial.

Os conflitos se estendem há mais de uma semana. Desde o final do mês passado, brasiguaios enfrentam a pressão dos sem-terra locais para que abandonem suas propriedades. Os sem-terra alegam que a área foi ocupada irregularmente e que deve ser objeto de reforma agrária. Os brasileiros negam a irregularidade.

Edição: Juliana Andrade