Dissidentes cubanos dão versão "não oficial" sobre morte de ativista

30/01/2012 - 21h29

Lucas Rodrigues

Repórter da TV Brasil

Havana - Dissidentes cubanos aproveitaram a presença da imprensa brasileira em Cuba, para a cobertura da visita da presidenta Dilma Rousseff à ilha caribenha hoje (30), a fim de passar uma versão "não oficial" sobre a morte do ativista Wilman Villar. Em uma entrevista coletiva de imprensa, organizada pelo grupo dissidente União Patriótica de Cuba, a viúva de Villar, Maritza Pelegrino, disse rejeitar a versão do governo cubano que considerou Villar um "preso comum", condenado por violência doméstica.

"Ele não era um bandido", declarou várias vezes a viúva, que negou ter sofrido violência doméstica. Villar foi preso em julho de 2011 quando os dois estavam em uma disputa judicial e libertado três dias depois. Ele morreu no último dia 19 de janeiro após uma greve de fome que iniciou na prisão.

O governo cubano nega que Villar era um dissidente. No entanto, de acordo com Maritza Pelegrino, o seu marido era contra o governo cubano por causa da morte de seu pai em uma prisão, ocorrida há cinco anos.

Durante a entrevista, o líder do grupo dissidente José Daniel Ferrer disse não acreditar que a presidenta Dilma Rousseff irá tratar de assuntos relacionados aos Direitos Humanos. Segundo ele, a presidenta sabe dos problemas existentes em relação às liberdades individuais em Cuba, mas que não falará sobre o assunto com as autoridades cubanas.

"Acho que, no pessoal, ela pode estar preocupada com o que acontece em Cuba em matéria de direitos humanos. Mas não espero que ela trate o caso de Wilman Villar abertamente", disse Ferrer. "Há outros interesses, outras questões envolvidas, e acho que isso ficará para trás”, completou.

A presidenta Dilma Rousseff chegou há pouco em Havana. Amanhã (31), ela vai se encontrar com o presidente Raul Castro e também com Fidel Castro, em horário ainda não confirmado pelo Palácio do Planalto. Além das reuniões, Dilma levará flores ao monumento em homenagem ao herói da revolução cubana, José Marti, e visitará o Porto de Mariel, onde o Brasil faz investimentos de ampliação e modernização.

Dilma chega a Cuba em um momento de mudanças no cenário político do país, após o pacote com cerca de 300 alterações anunciadas pelo governo. Entre essas alterações está a que permite a venda e compra de casas e carros, além da decisão do Partido Comunista de limitar em no máximo dez anos o mandato presidencial. O presidente Raul Castro também vem adotando um discurso de combate à corrupção.

Colaborou a repórter Luciana Lima

Edição: Aécio Amado