Líderes dos desalojados do Pinheirinho dizem que vão lutar pela desapropriação

25/01/2012 - 17h44

Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil

São José dos Campos (SP) - Os representantes de entidades e movimentos sociais solidários com a população desalojada no processo de reintegração de posse no bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, no interior paulista, pretendem reverter esta ação solicitando às autoridades federal, estadual e municipal que seja desapropriado o terreno de l,3 milhão de metros quadrados, de propriedade particular, de onde foram retiradas cerca de 2 mil pessoas entre o último domingo (22 ) e hoje (25).

Essa reivindicação será defendida no encontro previsto para ocorrer na próxima sexta-feira em Brasília, com representantes das três esferas de governo. Deverão estar presentes o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, e a secretária Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês Magalhães.

“Queremos que esse terreno seja desapropriado e tem um instrumento jurídico para isso”, disse o advogado que representa os desalojados, Antonio Donizete Ferreira”. "É só declarar a área de bem social, o que depende apenas da vontade política”, acrescentou ele.

Consultado pelos jornalistas sobre a possibilidade de ser arquitetada uma nova invasão do terreno desocupado, o advogado reagiu dizendo que “quem faz a ocupação não são os líderes, mas as necessidades de moradia e falta de habitações. Segundo sinalizou, no entanto, esta hipótese não está descartada. “Não podemos prometer. A necessidade do povo é um teto”.

Neste último dia de demolição das casas de estruturas precárias e que foram construídas, nos últimos anos, desde a invasão ocorrida em fevereiro de 2004, o cenário era de um amontoado de concreto, pedaços de madeira e de telhas de amianto em meio a restos de mobílias.

De acordo com o capitão da Polícia Militar, Antero Alves Baraldo, muitos moradores preferiram deixar para trás alguns móveis e outros pertences pelo desgaste que já apresentavam. Ele disse que todos os casos neste sentido foram documentados.

Uma das ex-moradores, Ilza Tavares, de 18 anos, natural do estado do Amazonas, declarou que vivia no local há três anos e que só retirou as roupas pessoais. “Eu preferi deixar [todo o resto] lá do que ir para o abrigo da Prefeitura”, justificou ela. Ilza fez parte do grupo que resistiu a ser recolhida em um dos abrigos municipais se juntando ao grupo que ficou na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Campos dos Alemães, ao lado do Pinheirinho, logo após o início da desocupação, no último domingo (22).

Mas como havia uma determinação da administração da igreja para que esses ex-moradores deixassem as instalações da igreja, no dia de hoje (25), já que não havia ali infraestrutura para mantê-los, o grupo voltou atrás e seguiu em marcha para o centro poliesportivo municipal do bairro do Morumbi, vizinho ao local onde estavam.
 

Edição: Rivadavia Severo