Haitianos: delegação interministerial vai ao Acre para assinar termos de cooperação

12/01/2012 - 14h24

Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Uma delegação interministerial de técnicos, sob a coordenação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome estarão nos próximos dias 18 e 19 em Rio Branco, no Acre, para assinar termos de cooperação com o governo do estado a fim de garantir melhor assistência aos haitianos que ainda estão no município de Brasileia. O secretário de Justiça e Direitos Humanos do Acre, Nilson Mourão, disse à Agência Brasil que os técnicos visitarão o município para conhecer “de perto” as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes que entraram em grande número no país em janeiro.

“Com esses termos de cooperação saberemos os compromissos efetivos que o governo federal assumirá conosco [governo do Acre]”, disse o secretário. Especificamente, as ações serão centralizadas na assistência social. O governo do estado quer, por exemplo, o repasse de recursos para a construção de novas pousadas, recursos que permitam o pagamento de passagens aos imigrantes já legalizados para que possam ir para outros estados e a melhoria do cardápio de alimentação fornecido aos haitianos.

Nilson Mourão informou que na próxima segunda-feira (16) a secretaria enviará quatro funcionários a Brasileia para começar um cadastramento profissional dos imigrantes. Segundo ele, isso facilitará o trabalho de recrutamento de mão de obra pelas empresas que se mostram interessadas em contratá-los.

O cadastramento vai acelerar as avaliações por parte dos empresários e evitará qualquer intermediação do estado no processo. “Nosso objetivo é que as empresas contratem diretamente os trabalhadores haitianos, sem nossa participação”, ressaltou o secretário de Justiça. Entre eles, pedreiros, mestres de obra, engenheiros e outros profissionais qualificados.

O número de haitianos que entram no estado caiu bruscamente após o anúncio pelos governos do Brasil e do Peru de fechar as fronteiras para haitianos sem passaportes e o respectivo visto de entrada. Dos 1.250 que chegaram a Brasileia, em janeiro, 935 estão na cidade à espera de transporte, contratações ou regularização dos vistos, disse a chefe de gabinete da prefeitura, Luz Marina Menezes. Segundo ela, a maioria dos haitianos que cruzaram a fronteira e está sendo contratada por empreiteiras é mão de obra não qualificada.

Damião Borges, único funcionário da secretaria de Justiça do Acre que está na cidade para prestar atendimento aos imigrantes, declarou que recebeu nos últimos dias de 30 a 40 ligações de empresas de vários estados interessadas na contratação de haitianos.

Ele disse ainda que o estado de Rondônia tem tido problemas com a forte migração de haitianos. Eles chegam a Porto Velho para atrás de trabalho na construção civil, especialmente nas obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio. “Funcionários do governo de Rondônia estiveram aqui [Brasileia] para pedir aos haitianos que esperem em Brasileia a vinda das empresas que vão contratá-los. Eles disseram que têm muita gente em Porto Velho para pouco emprego”.

 

Edição: Aécio Amado