Santarém e Marabá torcem pela criação dos novos estados na Região Norte

10/12/2011 - 17h44

Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Se os eleitores do Pará aprovarem amanhã (11) a divisão do estado em três unidades da Federação, com a criação dos novos estados de Carajás e do Tapajós, duas cidades deverão virar capital: Santarém e Marabá. Nos dois municípios, a expectativa é de crescimento econômico e mudança nos indicadores sociais e de qualidade da vida.

Prefeita de Santarém, candidata a capital de Carajás, Maria do Carmo (PT), diz que a região nunca se sentiu contemplada nos planos de desenvolvimento do Pará e que a divisão é uma chance para alavancar um novo modelo de crescimento econômico para os 27 municípios que formariam o novo estado.

“Somos hoje colônia da região metropolitana de Belém. O projeto de desenvolvimento tem sido pensado a partir da capital, dos grandes projetos, com foco na exportação de matérias-primas. Por que um estado tão rico tem um povo tão pobre? Porque a concepção é pautada no extrativismo, na exportação, nossa vocação econômica aqui no Tapajós é outra”, avaliou a prefeita.

Segundo Maria do Carmo, com a divisão, a região poderia explorar o potencial industrial, com a criação de uma zona franca, além do fortalecimento do turismo e criação polos de conhecimento na Amazônia, com cidades universitárias.

A possibilidade de Santarém se transformar em capital do novo estado também seria transformadora para o município, na avaliação da prefeita. “Subiremos um patamar, deixaremos de ser uma cidade polo para ser uma capital, é um upgrade na classificação de investimentos do governo federal, vamos receber o dobro de recursos”.

Já para Marabá, provável capital do estado de Carajás – se a divisão do Pará for aprovada – a expectativa é que mudança de patamar possa reverter alguns indicadores sociais do município, que estão entre os piores do país. A nova capital já nasceria como a mais violenta do país. De acordo com o Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, com base em dados de 2008, a cidade é a quarta mais violenta do país, com uma taxa de 125 mortes para cada 100 mil habitantes, acima de Maceió (107,1), Recife (85,2), Vitória (73,9), quatro vezes maior que a do Rio de Janeiro (31) e dez vezes pior que a de São Paulo (14,8).

Além disso, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Marabá (0,714) seria o mais baixo entre as capitais. Uma das causas é a explosão demográfica do município que viu sua população crescer 38% entre 2000 e 2010, passando de 168 mil para 233 mil habitantes. O crescimento acelerado, influenciado principalmente pela instalação de siderúrgicas e a atividade da pecuária na região, trouxe pessoas de diferentes partes do país. Em 2000, de acordo com dados do IBGE, 42% da população de Marabá não era nascida no estado do Pará.

Cerca de 4,6 milhões de eleitores paraenses vão as urnas amanhã (10) para decidir sobre a divisão do estado. Se a separação for aprovada no plebiscito, a criação dos novos estados ainda passará pelo Congresso Nacional e pela sanção da presidenta Dilma Rousseff.
 

Edição: Rivadavia Severo