Dilma tem primeira reunião com presidente hondurenho após crise que derrubou Zelaya

10/12/2011 - 17h05

Da BBC Brasil

Brasília - A presidenta Dilma Rousseff se reuniu hoje (10), em Buenos Aires, com o presidente hondurenho, Porfírio Lobo, em um sinal de normalização das relações entre os dois países após a deposição de Manuel Zelaya, em 2009. Dilma está na capital argentina para participar da cerimônia de posse da presidenta reeleita Cristina Kirchner.

No encontro, segundo assessores do Palácio do Planalto, Dilma disse a Lobo que ficou satisfeita com a reconciliação nacional dos hondurenhos e com a reincorporação de Honduras aos fóruns internacionais. Ela não fez declarações à imprensa antes ou depois do encontro.

Foi a primeira reunião entre a presidenta e o hondurenho desde que ela tomou posse, em janeiro, e desde que ele foi eleito, em novembro de 2009, após a crise política que culminou na saída de Manuel Zelaya.

Depois que deixou o poder, Zelaya recebeu asilo na Embaixada do Brasil e partiu para o exílio na Republica Dominicana. O ex-presidente voltou a Honduras em maio deste ano.

Após sua eleição, Lobo não foi reconhecido pelos países do Mercosul, que deram solidariedade a Zelaya, mas obteve o reconhecimento de outros países, como os Estados Unidos, o Canadá e a Colômbia.

As relações entre o Brasil e Honduras estão normais. O Brasil sempre disse que as relações seriam retomadas após o retorno de Zelaya a Honduras e com seus direitos políticos restabelecidos", disse o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

O ministro acrescentou que o Brasil está ampliando a presença nos países da América Central, inclusive em Honduras, o que inclui investimentos em diferentes setores.

Por sua vez, Lobo disse que pediu o encontro com Dilma porque quer intensificar as relações com o Brasil, "um país importante para Honduras e pelo qual temos muito carinho". Em entrevista a jornalistas brasileiros, o presidente hondurenho disse que assumiu a Presidência "com muito conflito interno, e o desafio da família hondurenha foi a reconciliação".

Ele disse que essa reconciliação já existe, ressaltando que "insistiu muito" para o retorno de Zelaya ao país, e que, apesar de serem opositores, "essa situação política em Honduras já foi superada". Para o presidente, Honduras precisa do apoio econômico do Brasil na realização de projetos na área de infraestrutura, que contam com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Também nos interessam muito os programas sociais que vocês têm, como o Bolsa Família. Temos um programa que praticamente copiamos do exemplo do Brasil", disse Lobo."Hoje contamos também com investimentos de empresas brasileiras em Honduras. Estamos mudando dramaticamente a nossa matriz energética. Quase 80% da nossa energia são térmicos e vamos construir hidrelétricas. Temos com o Brasil também projetos de estradas, projetos agrícolas, e tudo isso é muito interessante porque o Brasil é um país que muito admiramos."

Lobo disse que está envolvido em conversações com empresas brasileiras que podem se envolver nesses projetos. O presidente informou ainda que enviará uma missão de seu governo ao Brasil para ver de perto diferentes programas na área de segurança, como as unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implementadas no Rio de Janeiro.