Falta de governo na Bélgica gera incerteza diante da crise

25/11/2011 - 16h44

Luciana Lima
Enviada Especial*

Bruxelas - A ideia de que o país funciona apesar da ausência de governo está longe de ser uma unanimidade na Bélgica. Existem os que tratam do assunto com bom humor e organizam até festas em cidades como Gents e Antuerpia para comemorar os 500 dias sem governo, mas há os que sentem medo de um colapso.

Na segunda-feira, Elio di Rupo, que ocupava o cargo interinamente, pediu demissão após ver fracassada a negociação para aprovar o Orçamento do país. Ontem, o rei Alberto II fez um pedido para que Di Rupo continuasse no cargo e a resposta é aguardada até amanhã.

Essa incerteza cresce a cada dia, principalmente diante das pressões pelas medidas para dar uma solução para dívida do país, que supera US$ 1,2 bilhões.

O medo é que o país não tenha condições de dar as respostas necessárias, no tempo certo, aos efeitos da crise mundial, concentrada na Europa e que já se reflete nas ruas de Bruxelas, a capital da União Europeia.

Em Bruxelas, acostumada a conviver com imigrantes dos quatro cantos do mundo, é crescente a presença de refugiados islâmicos das áreas de conflito e de imigrantes, na grande maioria ilegais, que deixaram as áreas da Europa onde o emprego é escasso.

As pessoas de origem islâmica representam cerca de um quarto da população de Bruxelas. Essa presença ostensiva não é só de islâmicos, mas também de pessoas de outras nacionalidades, sem emprego, que também geram preocupação.

"Não há alojamento e não são oferecidas condições sociais para as pessoas que chegam todos os dias a Bruxelas", disse o jornalista Lode Delputte que mora no centro da capital.

Ele disse que vê com preocupação os crescentes questionamentos do ideal de uma sociedade multicultural, até pouco tempo consenso na Europa.

"Atualmente, todos os políticos da Europa, em uma onda de populismo, vêm defendendo a ideia de falência do nosso sistema de integração. Esse é o discurso da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, do primeiro-ministro britânico, David Cameron, e, aqui na Bélgica, tem sido o discurso dos partidos de direita e também de alguns políticos considerados de esquerda".

*A repórter viajou a convite do Ministério da Cultura
Edição: Rivadavia Severo