Patriota: crise econômica fez o mundo perceber progressos de africanos e sul-americanos

24/11/2011 - 14h35

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil
 

Brasília – Em Malabo, na Guiné Equatorial (África), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu hoje (24) a ampliação das parcerias e ações comuns entre sul-americanos e africanos. Ao participar da 4ª Reunião Ministerial da Cúpula América do Sul-África (ASA), Patriota disse ainda que o Brasil tem condições de assumir a liderança desse movimento. Ele disse ainda que a crise econômica internacional mostrou o potencial dos países fora do eixo Estados Unidos-Europa.

O chanceler acrescentou que é necessário “reconciliar democracia, crescimento econômico, redução da pobreza e políticas ambientalmente sustentáveis”. “Em um mundo em que presenciamos o esgotamento de modelos de desenvolvimento concebidos pelo Norte, e em que as próprias economias desenvolvidas enfrentam crises, a América do Sul e a África despontam de décadas de estagnação e conflitos para um novo ciclo de progresso e emancipação”.

No Brasil, atualmente há 37 embaixadas de nações da África, o que o torna o país com o maior número de representações africanas na América do Sul. Além disso, há 33 embaixadas sul-americanas. A Cúpula América do Sul-Ásia (ASA) representa quase um terço do território mundial e um quinto da população. Segundo Patriota, o intercâmbio entre as duas regiões só no ano passado totalizou US$ 32,2 bilhões.

O chanceler destacou que é necessário atuar também nas frentes de paz e segurança, envolvendo forças das duas regiões – América do Sul e África –, e defender a garantia da democracia e das condições de governança. Patriota lembrou que o Brasil mantém 33 militares em missões na Costa do Marfim, na Libéria, no Saara Ocidental, no Sudão e no Sudão do Sul.

O chanceler disse ainda que a “multipolaridade” não pode representar ruptura, mas sim a cooperação e a sintonia entre continentes. “Queremos preparar o caminho para uma nova geração de sul-americanos e africanos que, tendo familiaridade com as realidades das duas regiões, sejam capazes de usar as boas experiências, evitar os equívocos e aproveitar as oportunidades que surgirão”, disse.

Patriota ressaltou que há um esforço do governo da presidenta Dilma Rousseff, iniciado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de aproximação com a África em todas as suas vertentes. “[Por meio] do diálogo político, do comércio e dos investimentos, [além da] cooperação técnica e econômica e cooperação cultural”, acrescentou.

O chanceler disse que no final de dezembro ele terá feito dez visitas a países africanos. “Assim como ocorre no Brasil e na América do Sul, identificamos na África experiências bem-sucedidas nos campos econômico, social e político”, destacou.

“A história nos aproximou por intermédio da escravidão e dos laços com ex-potências distantes das nossas realidades materiais e humanas. Hoje, podemos fazer história forjando laços diretos de comércio, cooperação e coordenação político-diplomática”, completou Patriota.

Edição: Juliana Andrade