Desemprego é maior em cidades com mais negros ou pardos, aponta pesquisa da FGV

07/11/2011 - 18h13

Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Uma pesquisa divulgada hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou que o desemprego é maior em metrópoles com maior número de pessoas negras ou pardas. O estudo, coordenado pelo economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, dissociou a questão de escolaridade do desemprego, mostrando que a falta de trabalho tem relação com a cor, sem relação obrigatória com os anos de estudo.

“A gente sabe que a taxa de desemprego dos brancos é mais baixa do que dos outros grupos. Dado esse fato, quando se observa uma composição populacional majoritariamente branca, comparando com outros estados, como a Bahia, onde a participação de negros e pardos é muito mais elevada, isso acaba determinando o diferencial de desemprego entre essas duas regiões”.

Segundo dados da pesquisa, enquanto a taxa de desemprego em Salvador chegava a 14,2%, em Porto Alegre o desemprego era 6,8%. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) de 2009, citada no trabalho, na Bahia 30% da população são formados por negros e 53% por pardos. No Rio Grande do Sul, os brancos são 80%, 7% são negros e 10,8% pardos.

Barbosa Filho ressaltou que o estudo não deixa claro se o maior desemprego entre negros e pardos pode estar associado à questão do racismo, o que demandaria outra pesquisa, para aprofundar a questão. Segundo ele, também deve se levar em conta as estruturas econômicas de cada região.

“Uma coisa que se percebeu no estudo é que, aparentemente, esse diferencial na taxa de desemprego explicada por raça não está diretamente relacionado somente à escolaridade, como se suspeitava. Quando se faz essa mesma análise separando por grau de escolaridade, isso explica muito menos a diferença de desemprego entre as regiões metropolitanas estudadas. O que implica que somente o investimento em educação não vai ser eficaz. Simplesmente universalizar a educação não vai solucionar o problema.”

A íntegra da pesquisa pode ser consultada no endereço www.fgv.br/ibre.
 

Edição: Rivadavia Severo