Mutirão avalia risco de derrame em crianças portadoras de doença falciforme

08/10/2011 - 16h37

Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – A doença falciforme afeta uma em cada 4 mil crianças paulistas e pode causar, entre outras complicações, acidente vascular cerebral (AVC). Por isso, o Hospital  Infantil Cândido Fontoura, localizado na zona leste paulistana, inciou hoje (8) um mutirão para identificar, entre os portadores da doença atendidos pela instituição, os que estão suscetíveis a sofrer um derrame. “Como é um exame preventivo, não invasivo, é muito importante que seja feita essa detecção precoce”, explicou o diretor clínico do hospital, Fernando Gonzalez, sobre a mobilização para a realização de doppler transcraniano nos pacientes.

A ação possibilita o acesso a um exame pouco difundido na rede pública de saúde, ressaltou Gonzalez. “Para a grande maioria da população que procura o serviço público, o uso ainda é bastante restrito. Existe uma demanda e poucos serviços que fazem esse controle”, destacou.

Com o diagnóstico da suscetibilidade, a criança passa a receber um tratamento específico, uma transfusão de sangue a cada mês. A hematologista Soraia Sekkar explicou que o tratamento visa a estabilizar a quantidade de hemoglobina saudável, partícula do sangue afetada pela doença de origem genética.  

Além do acidente vascular, a doença falciforme deixa os pacientes mais propensos a contrair pneumonia e dificulta a oxigenação de órgãos e tecidos, o que pode comprometer as partes afetadas. “Isso causa dor. [Os doentes] podem ter dor em qualquer osso ou órgão”, explicou Soraia sobre os sintomas.

Acompanhada pelo pai, Jhenifer Santana contou que antes de inciar o tratamento sentia dores nas juntas dos braços. Mas garantiu que essa é uma fase superada. “Faz muito tempo que não sinto”, diz, acrescentando que leva vida normal, vai à escola e brinca na rua. O pai, Roberto Santana, atribuiu a situação ao “remédio contínuo” que a criança toma desde pequena.

Avaliar a qualidade de vida dos pacientes é outra atividade que está sendo desenvolvida paralelamente ao mutirão, que conta com a participação de profissionais de serviço social e psicologia. Fernando Gonzalez destacou que essa ação é importante para saber se os jovens têm condições de prosseguir no tratamento por conta própria ou se precisam de auxílio especial.  “Alguns deles não têm dinheiro para pegar ônibus, comprar medicação. Se ele não aderir ao tratamento pela condição social, o risco é muito maior”, alertou.

Edição: Graça Adjuto