Mantega cobra ação rápida da União Europeia contra a crise

23/09/2011 - 20h18

Da BBC Brasil

Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, cobrou hoje (23) a aprovação rápida de propostas pelos líderes da União Europeia para resolver a crise de dívida na região, antes que a situação se agrave e contagie o resto do mundo. "Estamos em uma corrida contra o tempo", disse o ministro, em Washington, durante evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

"Quanto mais passa o tempo, maior será o custo do programa de ajuda e a possibilidade de que ele não funcione", disse, ao lembrar que a previsão é que os 17 países do bloco europeu aprovem um plano de apoio em três semanas. "Espero que a União Europeia não espere que quebrem os primeiros países [antes de agir]."

O ministro disse que é preciso repetir a receita de 2008, quando os países do G20 (grupo das maiores economias avançadas e emergentes, do qual o Brasil faz parte) se uniram e tomaram medidas "corajosas" e rápidas para combater a crise.

Segundo Mantega, há o risco de que a crise de dívida soberana em países europeus, como a Grécia, resulte em uma nova crise financeira, afetando os bancos europeus e com reflexos em todo o mundo. "É uma crise que se irradiará pelo mundo, não ficará circunscrita à União Europeia",

Nesta sexta-feira, Mantega voltou a dizer que o Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e o G20 estão dispostos a ajudar, mas ressaltou que até agora não houve um pedido específico por parte da Europa. "Estão todos empenhados em se unir para evitar que o pior aconteça. Mas a principal responsabilidade está nos países da União Europeia", declarou.

Diante dos riscos de agravamento do cenário internacional, Mantega ressaltou que o Brasil está mais preparado para enfrentar uma situação de crise do que em 2008 porque o país tem mais reservas internacionais. Há três anos, o Brasil tinha cerca de US$ 200 bilhões acumulados, ante US$ 350 bilhões em reservas atuais. Mantega citou ainda o reforço de R$ 10 bilhões na meta de superávit primário como exemplo da robustez da situação fiscal brasileira.

Assim como o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, Mantega admitiu que as previsões de crescimento para este ano podem ser revisadas para baixo, a exemplo do FMI, que nesta semana baixou de 4,1% para 3,8% suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2011.

"Continuamos perseguindo os 4% para este ano", disse Mantega. "Mas vivemos um momento de incerteza. As coisas podem mudar. Se houver um agravamento do quadro internacional, nós vamos ter que rever as nossas previsões."

O ministro disse ainda que a diferença entre 3,8% (expectativa do FMI) e 4% "é uma minúcia", e observou que as projeções da Fazenda, que a cada dois meses faz uma revisão, só são mudadas quando há certeza de que o crescimento previsto não será mesmo atingido.

Mantega participa na capital americana do encontro de ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo e que reúne países emergentes, e da reunião anual do FMI e do Banco Mundial.