Líderes mundiais se reúnem em Nova York em um momento de crise econômica e conflitos armados

18/09/2011 - 13h07

Renata Giraldi e Luciana Lima
Repórteres da Agência Brasil


Brasília – A 66ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) ocorre no momento em que o mundo discute os impactos da crise econômica internacional, os conflitos no Norte da África e no Oriente Médio, o agravamento da fome em vários países africanos, a pressão da Autoridade Nacional Palestina (ANP) para reconhecer o Estado palestino e as dificuldades para a reconstrução do Haiti.

Todos os temas fazem parte da agenda internacional da presidente Dilma Rousseff, que pela primeira vez, abrirá os trabalhos da Assembleia Geral das Nações Unidas, na manhã de quarta-feira (21). Dilma chega hoje (18) a Nova York. A expectativa, de acordo com diplomatas e especialistas, é que ela anuncie a posição do Brasil em relação a temas considerados sensíveis.

A presidenta deverá mencionar a posição do governo brasileiro em relação ao Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia – comandado pela oposição ao presidente líbio, Muammar Khadafi. Anteontem (16) a ONU reconheceu o órgão e mais de 60 governos também legitimam o conselho como capaz de coordenar a transição na Líbia. Mas a Brasil ainda não se posicionou.

Em relação ao Estado da Palestina, o Brasil é favorável à autonomia da região respeitando o negociado em 1967. Em dezembro do ano passado, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou o reconhecimento e recebeu mensagens de agradecimento das autoridades palestinas. Na ONU, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, avisou que vai pedir o reconhecimento do Estado da Palestina como independente.

O assunto divide opiniões na comunidade internacional. O governo de Israel é contrário à proposta porque alega que os palestinos querem dividir a cidade de Jerusalém, algo inaceitável para os israelenses. Os norte-americanos informaram que vão rejeitar o pedido de Abbas porque defendem mais negociações antes do reconhecimento.

A crise econômica mundial é outro tema que será abordado pelos líderes. Dilma alertou, em várias ocasiões, sobre impactos da crise nos países em desenvolvimento e disse que o Brasil redobrará os esforços para evitar os efeitos na região. Paralelamente, a Europa busca meios de impedir o agravamento da situação.

Os conflitos nos países muçulmanos ganharam desdobramentos que vão além das questões regionais, pois na Líbia o país vive em clima de guerra, enquanto na Síria o presidente Bashar Al Assad demonstra não respeitar os acordos internacionais para preservação dos direitos humanos e a situação se agrava. O cálculo é que mais de 2,6 mil sírios morreram em seis meses de confrontos.

A comunidade internacional deve, mais uma vez, agora nas presenças dos líderes mundiais, rechaçar a forma como Assad conduz o conflito na Síria e cobrar o fim dos confrontos e a aplicação de medidas democráticas. Paralelamente, outra preocupação é com a situação no Haiti. Desde 12 de janeiro de 2010, quando houve o terremoto que devastou o país, há esforços para sua reconstrução.

A instabilidade política no Haiti se reflete também na ajuda humanitária ao país e no processo de reconstrução, segundo o secretário-geral das Nações Unidas na região, Mariano Fernández. O alerta foi feito na última sexta-feira (16). O Brasil é um dos países que mais têm cooperado com o Haiti, de acordo com o embaixador haitiano em Brasília, Idalbert Pierre-Jean.

Dilma está em Nova York acompanhada por cinco ministros: o das Relações Exteriores, Antonio Patriota; o da Saúde, Alexandre Padilha; o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel; o do Esporte, Orlando Silva; e a da Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas.

Edição: Juliana Andrade