Fortalecimento do desenvolvimento sustentável é consenso no Fórum Nacional Especial

16/09/2011 - 19h01

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – Os participantes do Fórum Nacional Especial, que terminou hoje (16) na capital fluminense, foram unânimes em apontar que o desenvolvimento sustentável tem de ser fortalecido no Brasil e no mundo. O fórum, que reuniu especialistas ambientais do país, abordou a questão ambiental e a Conferência das Nações Unidas Rio+20, que ocorrerá no Rio de Janeiro, em 2012. O evento foi promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O diretor-geral do departamento do Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador André Corrêa do Lago, um dos participantes do fórum, entende que esta mesma posição tem que ser defendida na Rio+20, ou seja, a busca do equilíbrio entre o econômico, o social e o ambiental, de modo a fortalecer o desenvolvimento sustentável. “Ou seja, a dimensão ambiental tem que estar integrada às dimensões econômica e social. Não é uma coisa separada. Tem que ser integrado no desenvolvimento”, disse.

Lago declarou que o Brasil está em uma posição “muito positiva” nesse conceito de desenvolvimento sustentável. “Não só porque preside a reunião [Rio+20], mas porque o desenvolvimento brasileiro tem vários elementos positivos para o desenvolvimento sustentável”.

Um desses elementos, segundo ele, é a questão da mobilidade social, por meio da melhora da renda da população. Outro é a matriz energética limpa, que integra as dimensões ambiental e econômica. Enquanto 47% da matriz energética nacional são limpos, nos países ricos a média é 7%. “O Brasil já tem uma matriz energética que é o sonho de consumo dos países ricos”.

Na avaliação do embaixador, o país tem registrado avanços na área ambiental, apesar de enfrentar dificuldades em termos de recursos e tecnologia. Por isso, é uma referência forte para outros países, não apenas em geração de energia, como em educação ambiental, preservação e conservação de florestas. “Todos esses elementos juntos colocam o Brasil em uma posição não só confortável mas, mais do que isso, em uma posição de vanguarda nesse momento de crise. Porque o Brasil comprova que certas medidas de desenvolvimento sustentável, que equilibram os três pilares, funcionam”.

Lago defendeu que o Brasil deve fortalecer a sua política de desenvolvimento sustentável e usar isso como alavanca para que outros países sigam nessa direção. Durante a Rio+20, o governo brasileiro vai propor metas de desenvolvimento sustentável, ao contrário das Metas do Milênio, acordadas pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000, que tinham um cunho mais social e deverão ser cumpridas até 2015.

Geração de energia, hábitos de consumo e outros temas ligados à sustentabilidade estão entre as metas a serem propostas pelo Brasil, em 2012. O embaixador admitiu que o país necessita melhorar em áreas como o desmatamento e a violência. Ele considerou que a Rio+20 será uma oportunidade para que o país fique satisfeito com o que já conseguiu e se mantenha nessa direção.

Até o dia 1º de novembro, todos os países membros da ONU, bem como os organismos filiados, têm que enviar à entidade suas propostas para serem incluídas na Rio+20. Em janeiro de 2012, de posse de todas as contribuições, a ONU irá preparar um esboço do documento final para a Rio+20, promovendo, a partir daí, uma série de reuniões negociadoras, em Nova York.

Fazendo um contraponto com a Rio 92, a Conferência da ONU sobre o Clima, que também foi realizada no Rio de Janeiro, Lago disse que a Rio+20 comprovará avanços mas, sobretudo, mudanças de importância relativa dos países. Em 1992, nações como o Brasil e a China eram menos relevantes no mundo. “Hoje, a China, Índia, o Brasil, a Rússia e África do Sul são países essenciais na política internacional”, disse, destacando a importância da Rio+20, “porque a nova distribuição do poder e da influência no mundo vai se fazer sentir. É também um papel muito importante do Brasil pela suas novas responsabilidades”.

 

Edição: Aécio Amado